O auditor fiscal Fábio Camargo Remesso teve a sua exoneração das funções que exercia na Prefeitura de São Paulo publicada neste sábado (2), no Diário Oficial da Cidade. Então assessor técnico da Coordenação de Articulação Política e Social da Secretaria de Relações Governamentais, Remesso seria o quinto servidor público envolvido no esquema de corrupção que pode ter rendido um prejuízo de até R$ 500 milhões aos cofres públicos da capital. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, Remesso operava um esquema de cobrança de propinas paralelo ao divulgado nesta semana pelo Ministério Público, do qual o auditor Ronilson Bezerra Rodrigues seria o chefe. Rodrigues e mais três auditores fiscais – Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral e Eduardo Horle Barcellos – estão presos por ordem da Justiça. Remesso seria responsável pela cobrança de propina da construtora Alimonti, uma das cinco que são investigadas pela Promotoria por envolvimento no esquema de sonegação do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza). O dinheiro dessa propina era dividido, segundo o MP, exclusivamente por Remesso, que então estava na Secretaria Municipal de Finanças na gestão de Gilberto Kassab, e por Rodrigues.Denunciada em 2012, corrupção de fiscais na Prefeitura de SP foi ignorada por KassabJustiça prorroga prisão de três dos quatro suspeitos de fraude milionária na gestão Kassab Demitido pela Prefeitura, Fábio Camargo Remesso segue em liberdade, uma vez que a sua prisão ainda não foi solicitada pela Promotoria. Um sexto fiscal – Amilcar José Cançado Lemos – também já foi afastado de suas funções por suposto envolvimento no esquema de corrupção, mas só deve ser oficialmente exonerado na próxima semana, de acordo com a assessoria da Prefeitura de SP.Entenda o caso O cruzamento de dados envolvendo a declaração de bens de servidores da Prefeitura de São Paulo e os rendimentos de cada um deles passou a ser feito por meio de um sistema informatizado a partir do início deste ano, com a criação da CGM. Foi esse sistema que permitiu que as suspeitas de enriquecimento ilícito por parte dos quatro servidores públicos fossem detectadas e desencadeassem a investigação do Ministério Público — por meio do Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime de Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) —, com o apoio da prefeitura e da Polícia Civil. As investigações apontaram o envolvimento de quatro servidores — todos concursados — com o desvio de pelo menos R$ 200 milhões entre outubro de 2010 e janeiro de 2013, quando três deles foram exonerados dos cargos comissionados que possuíam, por indicação do ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa. Se levado em conta o período em que o grupo detido atuava, desde 2007, o rombo pode alcançar os R$ 500 milhões, segundo o MP.Executivos da Brookfield confirmam ter pagado R$ 4,1 milhões em propina a servidores, diz jornal“É um dos maiores escândalos de São Paulo”, diz Haddad sobre esquema na gestão Kassab O promotor do Gedec, Roberto Bodini, explicou detalhadamente como funcionava o esquema, de acordo com o que foi investigado até aqui. — Ao final da obra, as incorporadoras submetem ao poder público as notas fiscais, para que sejam feitos os eventuais cálculos do resíduo do ISS [Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza]. Essas notas fiscais eram recolhidas pelo departamento da prefeitura, operado por esses investigados, e eles faziam um cálculo, chegando a um número real ou irreal. Em cima desse número, eles exigiam que a empresa, ao invés de pagar ou recolher 100% da guia para a prefeitura, fizesse o pagamento de parte desse valor para uma empresa que foi constituída em nome de um dos fiscais e sua esposa na época, e em nome da prefeitura era recolhida uma ínfima quantia, perto do valor depositado para essa empresa [do fiscal]. As investigações seguem em andamento e não está descartado o envolvimento de outros servidores públicos no esquema de corrupção.Assista ao vídeo: