O número de acidentes com vítimas registrado no trecho da SP-304 onde aconteceu a tragédia que matou 13 pessoas na noite de segunda-feira (27) aumentou neste ano, conforme dados da PRE (Polícia Rodoviária Estadual). Nos 12 meses de 2013, houve 59 ocorrências envolvendo feridos, sendo que 17 deles tiveram lesões graves. Já de 1º de janeiro a 27 de outubro de 2014, foram 72 acidentes com vítimas e 35 delas se machucaram com gravidade. Considerando que faltam dois meses para terminar o ano, a tendência é de que as estatísticas consolidadas contabilizem uma quantidade ainda maior de casos. Se por um lado os registros com vítimas cresceram neste ano, os acidentes sem feridos diminuíram na comparação com o ano anterior. De acordo com levantamento da PRE, em 2013 foram 89 notificações contra 55, em 2014 (números parciais). Um detalhe chama a atenção: desde dezembro de 2013, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) realiza obras para o recapeamento da pista, pavimentação dos acostamentos e melhorias da sinalização do km 352,3 ao km 406,7 da SP-304 (rodovia Deputado Leônidas Pacheco Ferreira), entre Ibitinga e Borborema. A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos apenas em junho de 2015. Por meio da assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, o DER enfatizou que a via está bem sinalizada, com placas indicando a execução de obras e que, com o objetivo de alertar e de conscientizar os motoristas, o departamento implantou avisos solicitando que a sinalização da estrada fosse respeitada. De acordo com informação do Estadão Conteúdo, na tarde de terça (28), após a limpeza e liberação da pista, operários deram início à pintura das faixas de solo no trecho em Ibitinga. A falta de sinalização pode ter contribuído para a tragédia, segundo a Polícia Civil, que investiga as causas da batida entre o ônibus e a carreta na última segunda-feira. A assessoria da Secretaria Estadual dos Transportes nega que a medida tenha sido tomada em razão do acidente. Segundo a pasta, o trecho, que já tinha sido recapeado na semana passada, receberia a pintura nesta semana. Ao R7, o DER informou que a pintura de faixas é realizada nas rodovias tão logo os serviços de recapeamento asfáltico sejam concluídos e que não é possível realizar o trabalho, sem que antes o asfalto do trecho seja completamente colocado, "pois a sinalização horizontal atende uma série de normas técnicas previstas pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito)". O departamento acrescentou que, por este motivo, "o limite de velocidade das rodovias em obras é reduzido para 60 km/h, o que garante boas condições de segurança aos motoristas e usuários".MortesO acidente do dia 27 alavancou o número de mortes no trecho da SP-304 entre o km 352,3 e 442,8. Em 2013, 11 vítimas tiveram lesões fatais. De janeiro a 27 de outubro de 2014, a quantidade de óbitos praticamente dobrou: passou para 21. Importante destacar que as estatísticas da Polícia Rodoviária Estadual consideram apenas as mortes no local do acidente. Nesta quinta-feira (30), mais duas vítimas da batida entre o ônibus e a carreta morreram na madrugada em Bauru, interior de São Paulo. O estudante Leonardo Lucas dos Santos, de 17 anos, e a fotógrafa Larissa Souza Bottacini, de 24 anos, estavam internados em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital de Base de Bauru.No dia 9 de agosto, quatro pessoas morreram em dois acidentes no mesmo trecho da tragédia de segunda-feira. Em um deles — exatamente no local do acidente com os estudantes —, um casal morreu e 27 passageiros de um ônibus interurbano ficaram feridos. O motorista do carro, Rivelino de Lima, e sua acompanhante, Tainá Aparecida Farrampa, morreram na hora. O veículo invadiu a pista contrária e bateu de frente em um ônibus da Viação Ibitinguense. No mesmo dia, a seis quilômetros dali, o comerciante Carlos Alberto Ramos, de São Carlos, morreu depois que seu carro capotou ao passar pelo desnível causado pelas obras.A tragédia O acidente ocorreu por volta das 23h30 de segunda-feira (27), no km 368 da rodovia Deputado Leônidas Pacheco, em Ibitinga, cidade a 347 km de São Paulo. Uma carreta bateu em ônibus de excursão escolar, deixando 13 mortos, entre eles, adolescentes e membros do corpo docente da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto, em Borborema. Sete alunos, três professores e a mãe de dois estudantes morreram na hora. Outras duas vítimas, um estudante e uma fotógrafa, foram internadas com traumatismo craniano e morreram na noite de quarta-feira. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, a análise inicial é de que o motorista da carreta perdeu o controle da direção, atravessou a pista simples da estrada e acabou batendo no ônibus. Não havia faixa de sinalização na pista onde aconteceu o acidente. A lateral direita do ônibus foi completamente arrancada. Várias vítimas foram arremessadas no asfalto e algumas ficaram presas nas ferragens. O caminhão carregava óleo vegetal e pegou fogo com o impacto da batida.Tragédia no interior: prefeitura divulga lista de mortos e decreta luto oficialEm 18 anos, nunca presenciei uma tragédia dessas, diz policial que atendeu a acidente no interior Os estudantes assistiram a um concerto da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) na Sala São Paulo, na região central da capital paulista. A Prefeitura de Borborema decretou luto oficial de três dias. De acordo com a administração municipal, as aulas nos colégios municipais foram suspensas. Na página oficial do Facebook, a escola lamentou o ocorrido.