Hoje em dia, aquela cicatriz incômoda não precisa mais ser carregada para sempre na pele. Graças a progressos nos tratamentos dermatológicos, as cicatrizes mais exacerbadas agora podem ter seu aspecto bastante reduzido, assegura Fabiane Kumagai, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Antes de qualquer coisa, entretanto, é importante saber que as cicatrizes são tecidos fibrosos que substituem os tecidos normais abertos em decorrência de cirurgias, queimaduras e outras lesões. O processo de recomposição da pele varia de acordo com as respostas do organismo da pessoa e pode levar à formação de diferentes marcas, de acordo com a médica. — As cicatrizes podem ser hipertróficas, que são as mais comuns, quando a marca é elevada mas fica restrita ao lugar onde ocorreu o machucado; atróficas, que são cicatrizes mais baixas em relação ao nível da pele; e queloides, que são bastante elevados e excedem o local onde ocorreu a lesão.Medidas de prevenção Segundo Fabiane, além do incômodo estético, cicatrizes hipertróficas e queloides podem doer enquanto estão se formando e ainda manter sensibilidade e dor com o passar dos anos. “São respostas intensas do organismo”, ressalta. Atualmente, quem apresenta tendências para a formação desses sinais já pode recorrer a tratamentos preventivos caso vá passar por uma cesárea ou outra cirurgia, por exemplo. — Dá pra saber se a pessoa tem tendência caso ela já possua uma cicatriz hipertrófica ou queloide em decorrência de uma cirurgia ou de um ferimento prévio. Geralmente, nós usamos o silicone em gel ou em placa logo após os cortes das operações se fecharem. Ele é aplicado sobre a pele como forma de prevenção. Esse silicone interfere na ação dos fibroblastos (células que sintetizam colágeno e outras substâncias) e inibe a possibilidade de a cicatriz ficar grossa. A técnica tem sido usada há cerca de dez anos.Corticoide, laser e luz pulsada Para aqueles que já possuem uma cicatriz hipertrófica ou um queloide, a médica explica que um dos tratamentos mais usados é a infiltração de corticoides. O procedimento consiste na injeção de corticoide no local da cicatriz, com o intuito de reduzir seu volume: “Mas essa técnica pode trazer alguns efeitos colaterais — como, por exemplo, transformar a cicatriz em uma cicatriz deprimida — e, por isso, a medicina passou a buscar novas alternativas”, pondera Fabiana. Uma dessas novas opções é a Luz Intensa Pulsada, conhecida como LIP, usada no tratamento de cicatrizes há cerca de cinco anos. Nesse caso, o procedimento é feito com o auxílio de um aparelho que suaviza a coloração avermelhada e a consistência endurecida de algumas das marcas. Avanços nos tratamentos elevam chances de cura de câncer de mama a 95% Igualmente moderno é o tratamento com laser fracionado, que também auxilia na consistência da cicatriz, mas com recuperação mais rápida da pele. Com o laser fracionado, é possível aliar o tratamento a remédios que atuam diretamente sobre a cicatriz — a técnica é chamada de drug delivery (ou “entrega de ativos”, em português), conforme explica a médica da SBD. — Logo depois do procedimento com o laser diretamente sobre a cicatriz, é possível colocar, na pele, uma medicação para recuperar, clarear ou hidratar o tecido lesado. Tanto a LIP como o laser fracionado exigem mais de uma sessão para amenizar o aspecto da cicatriz de forma eficiente. Fabiane pondera que as marcas não some completamente, mas os procedimentos suavizam sua aparência, a consistência da pele e os sintomas de dor e coceira. As melhoras já são sentidas logo após a primeira sessão. — Eu, geralmente, recomendo de três a cinco sessões, mas aí vai muito do tipo e do tamanho da cicatriz. O preço também depende de uma avaliação individual. O valor depende muito da região do corpo, do tamanho da cicatriz e tipo do laser e da luz pulsada utilizados. Da microinfusão ao botox Nos últimos cinco anos, a medicina dermatológica passou a oferecer um procedimento para amenizar cicatrizes cujo mecanismo é parecido com o das tatuagens definitivas. É a microinfusão de medicamentos na pele, chamada comercialmente de MMP. O tratamento é feito com um aparelho especial cheio de pequenas agulhas que injetam, somente na área da cicatriz, substâncias como o sulfato de bleomicina. Assim como o silicone, a bleomicina diminui a ação dos fibroblastos e uniformiza a textura da pele. A vantagem sobre os procedimentos com laser a luz pulsada é a possibilidade de tratar diferentes tonalidades de pele, de acordo com Fabiane. — O uso do laser e da luz pulsada podem ser restritos nas peles bronzeadas e morenas — a alta concentração de melanina favorece as manchas e queimaduras em alguns casos —, enquanto a microinfusão de medicamentos não. Além disso, a microinfusão de medicamentos não necessita do equipamento de emissão de luz ou laser, que têm maior custo. A especialista completa que, recentemente, estudos têm mostrado a eficácia da toxina botulínica — mais conhecida como botox — para auxiliar no aspecto de alguns tipos de cicatrizes decorrentes de cirurgia. Além de atuar diretamente nas células da cicatriz, sabe-se que a substância diminui a movimentação dos músculos ao redor e acaba por garantir a uniformidade da pele. Remoção cirúrgica Para queloides, cicatrizes hipertróficas muito extensas que restringem o movimento de dedos, cotovelos, joelhos e pescoço por conta da junção da pele e dos tecidos subjacentes, o procedimento recomendado costuma ser a revisão cirúrgica. A operação, nesses casos, é feita com o intuito de produzir uma nova cicatriz, com a diferença de que o acompanhamento médico vai garantir uma melhor recuperação dos tecidos. — A técnica é chamada de exérese cirúrgica. Nós retiramos a cicatriz e encaminhamos o paciente, logo depois, para um tipo de radioterapia chamado betaterapia. A betaterapia atua para que a nova cicatriz que começa a se formar não apresente sinais de hipertrofia ou se transforme em um queloide novamente. Benefício além da estética Independentemente do tipo e do tamanho da cicatriz que você tenha, é importante consultar um médico para saber qual o melhor tratamento a ser feito para amenizar as marcas na pele. Com ajuda profissional e o procedimento mais adequado, os benefícios vão muito além da aparência, garante a médica Fabiane. — Quem tem um queloide no tronco, por exemplo, chega a evitar roupas de banho em praias e outros locais públicos. No caso das cicatrizes de acne, no rosto, a pessoa pode ter a autoconfiança prejudicada em um momento tão importante da vida que é a adolescência. Os tratamentos, mesmo que não removam completamente as lesões, amenizam o seu aspecto, impulsionando a melhora da autoestima do indivíduo. Bichectomia: conheça a cirurgia que afina o rosto que caiu nas graças das famosas