Alucinações? Entenda os riscos de tomar zolpidem para dormir sem orientação médica
Casos de sonambulismo gerados pela droga, que vão desde simples ida ao banheiro até compras no cartão, são relatados por quem usa
Saúde|Yasmim Santos*, do R7
Um jovem compartilhou recentemente no perfil dele no Twitter que comprou dois pacotes de viagens, no valor total de R$ 9.000, durante uma alucinação desencadeada pelo medicamento zolpidem. A situação foi tratada com humor por diversos usuários, mas acendeu um alerta para os perigos de fazer uso desse remédio sem prescrição médica.
De acordo com a bula eletrônica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o zolpidem é recomendado para tratamento de curta duração para insônia, problema que pode ser ocasional (acontece eventualmente), transitório (passageiro) ou crônico (presente há muito tempo).
O psiquiatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo Leonardo H. Morita explica que o medicamento é mais utilizado por pessoas que não têm facilidade para começar a dormir.
“[O zolpidem é indicado] quando alguém está em viagem e com diferença de fuso horário, e para quem, eventualmente, está passando por um problema e/ou fica ansioso”, diz o psiquiatra.
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O medicamento começa a agir em cerca de 30 minutos e tem por objetivo induzir o sono, reduzir o número de vezes que o indivíduo acorda durante a noite e aumentar a duração e a qualidade do sono.
A bula destaca que o zolpidem deve ser utilizado sob prescrição médica e com cautela. Pessoas com menos de 18 anos, que já passaram por quadros de sonambulismo ou outros comportamentos incomuns enquanto não estavam totalmente acordados, como alimentar-se, não devem fazer uso do remédio.
O documento lista os efeitos colaterais mais comuns causados pelo zolpidem: sonolência, dor de cabeça, tontura, distúrbios cognitivos — como amnésia anterógrada (amnésia para os eventos após a ingestão do remédio) —, diarreia, náusea, dor abdominal, vômito, dor nas costas e fadiga.
Além disso, a bula adverte que o medicamento pode causar sonambulismo ou outros comportamentos incomuns, como fazer uma ligação sem estar integralmente acordado. Embora pareçam algo simples, essas situações têm sido associadas a ferimentos graves e até morte, conforme destaca o documento disponibilizado pela Anvisa.
“O risco de tomar sem orientação médica é, primeiro, não estar preparado para os efeitos colaterais possíveis. O principal efeito colateral do zolpidem é o sonambulismo. Muitas pessoas acabam acordando no meio da noite, vão ao banheiro ou fazem qualquer outra coisa e simplesmente não lembram de nada no dia seguinte”, destaca Morita.
O especialista também cita outras situações vivenciadas por quem faz uso do medicamento: “No dia seguinte, as pessoas se dão conta de que fizeram compras, ligaram para mil pessoas, conversaram e não se lembram de nada. É um remédio que, depois que a pessoa toma, não é aconselhável fazer nada além de estar na cama para dormir, não pode tomar e dirigir, por exemplo”.
O profissional reitera que, muitas vezes, as pessoas têm visões que podem parecer alucinações, mas, na verdade, são um estado de sonambulismo. Portanto, seria como se a pessoa estivesse sonhando acordada.
As formas de evitar os riscos do medicamento, de acordo com Morita, são “voltar à cama, caso não esteja nela, e procurar se concentrar para dormir novamente, pois vai ocorrer [o sonambulismo] enquanto a medicação estiver ativa no organismo (cerca de 4 horas). É preciso cuidado nesse momento, inclusive para risco de quedas”.
Caso a pessoa tenha passado por alguma das situações graves citadas anteriormente, como o sonambulismo e a alucinação, as recomendações da bula são a interrupção do tratamento e o contato direto com o médico ou um funcionário da saúde.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Hysabella Conrado.
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