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Covid-19 derruba atendimento de outras doenças no SUS, diz Fiocruz

De janeiro de 2020 a junho de 2021, houve queda de 1,7 milhão nas internações por outras doenças, sendo 1,2 milhão eletivas

Saúde|Da Agência Brasil

Para atender à demanda do coronavírus, os cuidados de outras doenças caíram
Para atender à demanda do coronavírus, os cuidados de outras doenças caíram

A expansão forçada no atendimento à pandemia de Covid-19 levou a um represamento no atendimento a outras doença no país, de janeiro de 2020 a junho de 2021, com a diminuição de 1,7 milhão nas internações, sendo 1,2 milhão eletivas. O dado foi apontado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em nota técnica divulgada nesta terça-feira (9).

“A Covid-19 teve a capacidade de colapsar sistemas de saúde, e um dos reflexos mais evidentes desse processo é a avaliação do excesso de mortalidade provocado pela doença, sobretudo nos períodos de maior ocorrência de óbitos, quando o sistema teve graves problemas para atender toda a população. Os picos de óbitos observados em 2020 e em 2021 coincidem com o colapso e a diminuição do atendimento por causas não Covid-19 durante o processo epidêmico”, destacaram os especialistas da Fiocruz na nota.

Segundo a fundação, os dados de mortalidade mostram que os períodos em que ocorreram os maiores volumes de óbitos por Covid-19 coincidem com os maiores volumes de óbitos por outras causas e também com os menores volumes de atendimento em diversos sistemas, o que sugere o colapso e o represamento dos problemas de saúde.

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“A observação de dados de diferentes sistemas de informação ajuda a entender o cenário de desassistência em saúde que o país enfrentou durante a epidemia de Covid-19 e o enorme passivo de atendimentos que ficaram represados e teremos que enfrentar. O indicador de excesso de mortalidade, que dá uma dimensão mais real dos óbitos diretos e indiretos pela doença, destaca que nos períodos onde ocorreu o maior volume de óbitos pela doença também parece ser o período com o maior volume de óbitos por outras causas”, apontou a nota.


Exemplos dos efeitos do superdirecionamento do atendimento na rede SUS (Sistema Único de Saúde) à Covid-19, em detrimento de outras enfermidades e necessidades de tratamento, foram a queda dos atendimentos por glaucoma e catarata, cirurgias eletivas que, se realizadas no momento oportuno, evitam o agravamento da doença, mas que, sem tratamento, podem trazer impactos indiretos, como a cegueira.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista a jornalistas, comentou, entre outros assuntos, a distorção causada pela Covid-19 no atendimento às demais necessidades do sistema de saúde, dizendo que a expectativa é reequilibrar a oferta ao longo do próximo ano.

“Há as outras doenças crônicas não transmissíveis, cardiovasculares, câncer, que, de certa forma, foram negligenciadas durante a pandemia. Durante o ano de 2021, já se restabeleceu o atendimento, mesmo que o Brasil tenha sofrido muito com a variante gama, mas o sistema de saúde estava mais preparado. No ano que vem, nós precisamos atender às cirurgias eletivas que foram suspensas. Mas é preciso orçamento, e o Ministério da Saúde tem trabalhado para isso”, disse Queiroga.

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