Covid-19: entenda a diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos
Termos foram citados por representante da OMS e geraram confusão; especialista enfatiza que todos os infectados podem transmitir o coronavírus
Saúde|Brenda Marques, do R7
A OMS (Organização Mundial da Saúde (OMS) esclareceu nesta terça-feira (9) que a transmissão do novo coronavírus por pessoas assintomáticas acontece, mas ainda não se sabe a dimensão desses casos.
A declaração foi dada após a líder do programa de emergências da entidade, Maria van Kerkhove, dizer que a transmissão da covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser "rara".
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Diante das críticas da comunidade acadêmica, Maria fez esclarecimentos sobre sua declaração horas mais tarde, por meio de uma rede social. Ela postou um guia da OMS com recomendações sobre o uso de máscara, que também reúne informações sobre a transmissão da covid-19, e destacou a importância de diferenciar casos pré-sintomáticos, assintomáticos e com sintomas leves.
Diferença entre cada caso
A infectologista Lina Paola, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que pacientes assintomáticos e sintomáticos passam pelas mesmas fases da infecção pelo novo coronavírus.
Uma delas é o período de incubação, que se refere ao tempo entre a infecção pelo vírus e o surgimento de sintomas. No caso da covid-19, esse intervalo varia de 1 a 14 dias e, na maioria das vezes, dura 5 dias. Em pacientes com sintomas, o período de incubação pode ser chamado de "fase pré-sintomática".
"Ambos os casos passam pelas mesmas fases. São infectados pelo vírus, que se espalha pelo organismo todo e o sistema imunológico não consegue combater, mas um vai ter sintomas e outro não. Isso é próprio de cada organismo, não dá para prever", afirma a especialista.
Potencial de transmissão
De acordo com ela, a quantidade de vírus presente em assintomáticos parece ser menor. "Em teoria, esse paciente que tem menor quantidade de vírus pode ter um menor potencial de transmissão, mas isso não é uma coisa pra gente ficar discutindo agora, todos podem ser transmissores", pondera.
No documento citado por Maria, a OMS deixa claro que a possibilidade de assintomáticos transmitirem o vírus existe, embora a maioria das transmissões ocorra por causa de pessoas com sintomas.
"Algumas pessoas infectadas com o vírus da covid-19 não vão desenvolver quaisquer sintomas, embora possam lançar o vírus, que pode então ser transmitido a outras pessoas", afirma um trecho do texto.
Ainda neste documento, a organização cita que as pessoas que desenvolvem sintomas parecem ter cargas virais mais altas na fase pré-sintomática. Fator que, em tese, indicaria um maior potencial de disseminação do vírus.
A OMS também ressalta que a transmissibilidade do novo coronavírus depende da quantidade de vírus viáveis - capaz de causar infecção e se replicar - que estão sendo eliminados por uma pessoa, se ela está tossindo ou expelindo mais gotículas contaminadas e do tipo de contato que ela tem com os outros.
"Estudos que investigam a transmissão [do coronavírus] devem ser interpretados considerando o contexto em que eles ocorreram", ressalva.
Lina, por sua vez, pondera que indivíduos sintomáticos passam por duas semanas de produção intensa do vírus. "Durante essa fase, a gente elimina [vírus] por meio de todas as secreções, principalmente pela via respiratória", descreve.
"A partir da terceira semana, o paciente entra na fase inflamatória da doença. Ele ainda elimina írus, mas a quantidade começa a diminuir", acrescenta.
Segundo a infectologista, a média de tempo de transmissão do vírus por pacientes assintomáticos é menor e, provavelmente, termina em duas semanas.
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