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Doença que matou Luiz Melodia ataca ossos e rins. Entenda o mieloma múltiplo

Paciente pode viver anos com o câncer, que não tem cura

Saúde|Dinalva Fernandes, do R7


O cantor Luiz Melodia, de 66 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira (4) em decorrência de um mieloma múltiplo. A doença ataca principalmente os ossos — provocando muita dor — e os rins dos pacientes. As causas do mieloma múltiplo ainda são desconhecidas. A enfermidade atinge 30 mil pessoas no Brasil e 700 mil no mundo, segundo a ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular).

A hematologista e membro do comitê de mieloma múltiplo da ABHH Rosane Isabel Bittencourt explica que a doença atinge os plasmócitos que produzem anticorpos, o que faz com que eles deixem de produzir estas células como deveriam. Desta forma, os anticorpos param de nos proteger e começam a atacar o organismo com a produção de toxinas.

— A pessoa começa a sofrer de infecções por repetição, além de apresentar outros sintomas. Essas toxinas tiram o cálcio de dentro dos ossos, que passa a circular pelo sangue causando sintomas como tontura, dor de cabeça, mal-estar e confusão mental. Sem cálcio, os ossos ficam fracos e passam a apresentar buracos, o que provoca muita dor em qualquer osso, como coluna, pés, costelas. Desfalcados, os ossos se quebram com facilidade. Devido a esses sintomas, muitas vezes, a doença é confundida com osteoporose. Essa é uma das primeiras manifestações do câncer.

Outro órgão bastante comprometido pela doença é o rim. Às vezes a pessoa perde a função renal aos poucos, mas o órgão ainda consegue trabalhar. Mas há casos em que o acometimento é tão grande que são necessárias sessões de hemodiálise, explica Rosane.


Como diagnosticar?

O diagnóstico do mieloma não é fácil porque os sintomas são diversos. Por isso, são necessários diversos exames para comprovar o problema, orienta a especialista.


— O primeiro passo é realizar exames de sangue, como o hemograma, que pode apontar sinais como anemia. Em seguida, são feitos exames para checar o cálcio, a função renal, raio-X etc. Se a pessoa costuma fazer check-up básico é mais fácil diagnosticar a doença no início. E, por fim, é feito o exame de eletroforese de proteína, que separa a proteína do sangue em frações para uma análise mais detalhada para confirmar o diagnóstico.

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Doença incurável

Rosane afirma que o mieloma não tem cura, mas o paciente pode viver anos com a doença sem perder qualidade de vida com o tratamento adequado.

— Sempre tem risco da mortalidade, mas o indivíduo pode sobreviver com ela por anos. Tem gente que tem 80 anos quando descobre a doença e vive mais dez anos. Hoje, já a chamamos de doença crônica porque os sintomas se revertem com o devido controle. Mas a doença volta. Para alguns indivíduos pode levar três, quatro, cinco anos. Em outros casos, volta depois de meses porque tudo depende da reação do organismo. Se demorar muito para tratar, a pessoa pode até precisar de cirurgia para colocação de prótese nos ossos, sofrer danos maiores nos rins ou fazer transfusões de sangue.


Há vários tipos de tratamento para o mieloma múltiplo, diz a médica.

— O paciente pode ser tratado com quimioterapia, mas também há outros medicamentos administrados por via oral, como os medicamentos imunomoduladores. Há múltiplas vias de tratamento, mas não existe um único remédio que extermine a doença.

A única forma de parar com os medicamentos é fazer o transplante de medula óssea autólogo, cujas células provêm do próprio indivíduo — ou seja, o paciente é o receptor e o doador ao mesmo tempo porque é o único tipo que atua exatamente na doença. No entanto, o procedimento não é recomendado para todos os pacientes, diz a hematologista.

— O transplante é bastante pesado para o organismo, por isso, o paciente precisa ter plenas condições físicas. Não pode ter comprometimento do coração, do pulmão, viroses ou qualquer outra doença crônica, como HIV e hepatite. Essas são os principais pontos. Além disso, o paciente precisa estar com a doença 100% controlada. Com o sucesso do transplante, é como se colocássemos o câncer para dormir até que ele retorne, o que pode demorar 10, 20 anos.

Melodia, por exemplo, chegou a fazer um transplante, mas não vinha respondendo bem à quimioterapia.

Em geral, a doença atinge adultos acima de 30 anos, mas ocorre com mais frequência em pessoas com mais de 60 anos, segundo a hematologista.

— A maioria dos diagnósticos é feita na terceira idade, mas nada impede que atinja pacientes mais jovens. A doença também acomete ambos os sexos, mas há um pequeno percentual menor em homens.

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