O avanço do novo coronavírus (nomeado de SARS-CoV2) deixa muitas pessoas ansiosas em relação aos efeitos que uma infecção pode causar. Até o momento, não se sabe dos riscos que o novo vírus oferece aos bebês no ventre das mães, como eventuais malformações, por exemplo. A médica Socorro Gross, representante da OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde) no Brasil, afirmou nesta sexta-feira (28) que há poucas informações sobre os efeitos do coronavírus em gestantes e crianças. "Até hoje, não temos muita informações de crianças e ainda de grávidas. São dois grupos que para nós são muito importantes. Mas nesta epidemia temos uma população [afetada] que são adultos com idade mais avançada. Os sintomas são mais fortes quando se tem uma imunidade deprimida e vão aumentando de acordo com a idade." No entanto, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) orienta que as mulheres grávidas sigam as mesmas recomendações de prevenção do restante da população, como lavar as mãos e evitar aglomerações. “Estamos usando como base outros vírus que temos mais conhecimento, principalmente o H1N1, que sabemos que as gestantes estão no grupo de risco e possuem casos mais graves, mas essas informações estão sendo constantemente atualizadas”, afirma o ginecologista Agnaldo Lopes, presidente da Febrasgo. A SARS (síndrome respiratória aguda grave) e a MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio), causadas por coronavírus da mesma família, também estão sendo usadas como análogas para determinar orientações. “Essas infecções eram limitadas regionalmente e têm poucos casos na literatura, mas os estudos sugerem que as gestantes precisavam de cuidados mais avançados e o prognóstico das mães e dos fetos era mais comprometido.” Tanto em infecções da H1N1 quanto em outras infecções respiratórias virais ou bacterianas, o feto é indiretamente afetado. “Se o quadro respiratório da mãe for muito grave, pode comprometer a oxigenação do bebê, o que pode levar até a óbito", afirma o médico. Como não existe tratamento específico para a covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus), as gestantes infectadas devem tratar apenas os sintomas, que normalmente são febre, tosse, dor de garganta, coriza, entre outros. “Evitamos o uso da dipirona nas gestantes, damos preferência para o paracetamol, mas em casos muito graves, em que não temos outra opção, podemos utilizar a dipirona também", explica o ginecologista ao ressaltar que a dipirona pode causar, em raros casos, problemas malformação fetal. Ainda não se sabe se o novo coronavírus pode ser transmitido de mãe para filho dentro da barriga. No começo de fevereiro, um bebê de Wuhan, na China, foi diagnosticado com o novo coronavírus 30 horas após o nascimento. A mãe era um caso confirmado da infecção. O hospital infantil da cidade informou que duas crianças foram diagnosticadas com o coronavírus. O caso levantou suspeitas sobre uma nova rota de transmissão do vírus O hospital também divulgou detalhes de um segundo caso envolvendo um bebê que nasceu saudável em 13 de janeiro. Lopes explica que a transmissão viral durante a gestação depende do vírus. “O H1N1, por exemplo, não é transmitido. Mas temos outros, como o HIV, que são.” A OMS sugere que as gestantes contaminadas com estado de saúde estável devem manter a amamentação com uso de máscara e higienização prévia das mãos. A organização afirma que “considerando os benefícios da amamentação e o papel insignificante do leite materno na transmissão de outros vírus respiratórios, a puérpera pode amamentar desde que as condições clínicas o permitam.” Diferentemente da covid-19, já existe informação científica suficiente sobre o infecção de H1N1 para classificar gestantes como grupo de risco. O ginecologista explica que as mulheres contaminadas normalmente possuem quadros graves. “O tratamento vem no sentido de estabilizar a mãe. Se melhoramos as condições da gestante, melhoramos as condições do bebê.” O H1N1 possui tratamento específico e vacina, que não possuem contraindicação para gestantes. Inclusive, essa população está incluída na próxima campanha de vacinação contra a gripe, que foi antecipada para dia 23 de março. Embora a vacina não proteja contra o novo coronavírus, o objetivo é evitar, segundo o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, "a espiral de epidemia de outros vírus que pode ocorrer e confundir muito a população". "Outro aspecto é que nessa síndrome gripal do coronavírus são exatamente as pessoas de mais idade que têm uma letalidade maior. Essa campanha é pensada sempre acima de 60 anos. Este ano, vamos fazer outros grupos que não só os idosos. [...] Forças de segurança, população presidiária completa, agentes penitenciários, para diminuir a circulação epidêmica."*Estagiária do R7 sob supervisão de Fernando MellisComo se prevenir contra o coronavírus: