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Endometriose e síndrome do ovário policístico: entenda o diagnóstico de Larissa Manoela

Atriz descobriu recentemente que portava as duas condições e acendeu alerta para os primeiros sinais e sintomas das doenças

Saúde|Yasmim Santos*, do R7, com Agência Estado

Larissa Manoela estava havia mais de um ano tratando a endometriose
Larissa Manoela estava havia mais de um ano tratando a endometriose

Diagnosticada há um ano e sete meses com endometriose, a atriz Larissa Manoela, de 21 anos, lamentou nas redes sociais, nesta terça-feira (20), ter descoberto que também tem a SOP (síndrome do ovário policístico).

"Não é fácil ser mulher. O diagnóstico positivo assusta e confesso dar uma desestabilizada. Mas estou certa de que vou encontrar o melhor tratamento para ambas as doenças", afirmou a atriz no Twitter.

Nesta quarta (21), por meio de um vídeo no Instagram, Larissa contou que desde quando ficou menstruada pela primeira vez já tinha fluxos altos e cólicas fortes. Foi conversando com as amigas que ela passou a entender que as dores não eram normais.

"Eu falava que eu sentia, quando minha menstruação descia, uma cólica em um nível que parecia um dinossauro comendo meu útero, eu tinha desmaios, ficava muito indisposta. Já cheguei a cancelar gravações porque eu não tinha condições de continuar no set daquele jeito. Carregava sempre uma bolsa de água quente e tomava fortes remédios para a minha cólica passar", disse a atriz.


Tanto a endometriose como a síndrome do ovário policístico são problemas comuns entre as brasileiras. Estima-se que cerca de 2 milhões de mulheres tenham o diagnóstico de SOP no país e que aproximadamente 7 milhões (10% a 15% das que estão em idade fértil) convivam com a endometriose, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose. As duas doenças podem ter impacto na fertilidade.

Entenda os sintomas

O que é a endometriose?


A endometriose ocorre quando células do endométrio — tecido que reveste o útero — que deveriam ser expelidas durante a menstruação se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, provocando o crescimento do tecido endometrial fora do útero.

Em entrevista ao R7 em agosto deste ano, Patrick Bellelis, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endometriose, falou um pouco mais sobre a doença.


"A endometriose pode acometer a vagina, bexiga ou intestinos, e até mesmo locais mais distantes, como pulmão, diafragma, e até mesmo o cérebro", disse.

O ultrassom pélvico e transvaginal e a ressonância magnética são os principais métodos por imagem para detecção da endometriose.

As pacientes relatam cólicas fortes, alterações intestinais na menstruação, dores durante a relação sexual e problemas para engravidar. Além da dor física, há o fator emocional, porque muitas vezes as mulheres não têm os sintomas reconhecidos pelos médicos ou pelos parceiros.

"Apesar de ser considerada uma doença benigna, porque não é um câncer, ela é uma doença de comportamento bastante agressivo e que pode comprometer muito a qualidade de vida das mulheres", alertou Bellelis.

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O tratamento para a endometriose pode ser clínico, para aliviar os sintomas de dor e melhorar a qualidade de vida da paciente, mas também podem ser indicados medicamentos para bloqueio da ovulação. O problema costuma regredir espontaneamente com a menopausa.

Cirurgias são uma alternativa quando o tratamento clínico for ineficaz ou em situações específicas, como lesões maiores. O procedimento cirúrgico foi a opção para a cantora Anitta em julho deste ano.

"A endometriose não regride espontaneamente e não regride com medicações. Quando a gente trata quimicamente a doença, temos por objetivo tentar estabilizar e impedir que a endometriose cresça mais. A única maneira de retirar as lesões é por meio cirúrgico", informou Bellelis.

Dadas as características da condição, é ideal que, assim como Larissa Manoela, as mulheres diagnosticadas com endometriose realizem um acompanhamento com um profissional especializado na doença.

O que é a síndrome do ovário policístico?

Desde que descobriu a endometriose, a atriz não menstruava, ou seja, não cumpria o ciclo menstrual. A situação exigiu um acompanhamento especializado e contínuo, até que, após seis meses da última consulta, Larissa descobriu que portava a síndrome do ovário policístico.

Essa síndrome é um distúrbio hormonal em que pequenas bolsas, os cistos, se formam dentro dos ovários, que, posicionados um de cada lado do útero, são os órgãos responsáveis por produzir os hormônios sexuais femininos. O quadro, considerado crônico, pode causar desde sintomas como menstruações irregulares e acne até obesidade e infertilidade.

"É uma doença endocrinológica, que acaba combinando com uma alta produção do hormônio masculino, a testosterona. Claro que aumentando essa testosterona eu vou ter uma alteração no ciclo menstrual desta mulher", informa o diretor de comunicação da SBE (Sociedade Brasileira de Endometriose), Marcos Tcherniakovsky, ao R7.

E acrescenta: "Como é uma síndrome, é caracterizada por um conjunto de sintomas e sinais, entre eles aparecimento de acnes, de pelos e, talvez, a principal característica é uma anovulação crônica, uma mulher que tem dificuldade de ovular — ela pode ficar cinco meses e muitas até o ano inteiro sem menstruar."

Assim como na endometriose, a causa dessa síndrome não é inteiramente conhecida pela medicina. Mas especialistas afirmam que grande parte das pacientes apresenta problemas hormonais, como excesso de produção de insulina pelo pâncreas e produção de hormônios masculinos por problemas nas glândulas adrenais, na hipófise e no hipotálamo.

Conheça alguns dos sintomas que podem indicar a SOP:

• ciclos menstruais irregulares, com menstruações espaçadas, ausência delas ou fluxo muito intenso;

• dificuldade de emagrecimento (mulheres com índice de massa corpórea maior);

• casos acentuados de acne, já que as glândulas sebáceas produzem mais oleosidade;

• aumento dos pelos em regiões do corpo como o rosto, seios e abdômen (hirsutismo);

• quadros de infertilidade;

• possível tendência ao ganho de peso;

• queda de cabelo; 

• depressão.

A mulher não necessariamente terá todos esses sintomas, mas ela pode ter uma característica ou outra. No entanto, o sinal mais nítido é a dificuldade para ovular.

Para diagnosticarem essa síndrome, os ginecologistas avaliam os sintomas relatados e resultados de exames de sangue, que medem os hormônios, e de imagem, como o ultrassom transvaginal.

O tratamento busca atenuar os sintomas e pode ser realizado com o controle de hormônios e medicamentos que ajudam a regular a menstruação, a produção de sebo pelas glândulas sebáceas e o crescimento de pelos. Exercitar-se e manter uma boa alimentação ajuda.

"A síndrome tem controle e não tem cura, assim como nós falamos para endometriose, porque existe possibilidade de estar retornando. É uma característica que, muitas vezes, pode ser genética, então, se parar os tratamentos e todas essas medidas gerais, a característica do ovário policístico é retornar", alerta Tcherniakovsky.

Também pode ser feito tratamento para infertilidade ou prevenir diabetes e colesterol alto, se estes fizerem parte dos sinais clínicos apresentados.

A endometriose e a síndrome do ovário policístico não têm ligação direta, são condições diferentes, mas comumente diagnosticadas em conjunto.

"A presença da síndrome dos ovários policísticos com a endometriose pode acontecer; porém, são duas situações diferentes em que a gente muitas vezes usa o mesmo tipo de tratamento. As duas doenças são estrógeno-dependentes: quanto maior a ação do estrogênio, mais risco de aparecerem ou se intensificarem essas duas doenças", relata o ginecologista.

Tcherniakovsky também ressalta que "é comum aparecerem os dois, assim como é comum mioma com endometriose, endometriose e pólipo endometrial, pois todas são doenças estrógeno-dependentes. Isso não piora o quadro de endometriose e também não piora o quadro dos ovários policísticos, elas são independentes".

*Estagiária do R7, sob supervisão de Camila Juliotti

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