Um exame de Raio-X postado pelo médico generalista Vitor Borin chamou a atenção dos usuários do Twitter ao mostrar a iamgem de um tórax repleto de larvas de tênia, parasitas que podem ser contraídos a partir da ingestão de alimentos que contenham seus ovos.
De acordo com o médico, o paciente foi diagnosticado com cistocercose disseminada após se queixar de tosse durante dois meses.
O parasitologista Ricardo Fujiwara, vice-presidente da SPB (Sociedade Brasileira de Parasitologia) explica que a cisticercose é uma doença parasitária provocada pelos larvas de Taenia solium (tênias), conhecidas como cisticercos, em humanos.
Tais cisticercos se alojam em no corpo, tendo preferência pelo SNC (Sitema Nervoso Central) e, em alguns casos, podem se alojar nos músculos (como o caso da foto), em tecidos subcutâneos, olhos ou coração.
A parasitose é contraída a partir da ingestão de frutas, hortaliças e até carnes que possam estar contaminadas com os ovos de tênia
"A cisticercose por Taenia solium é muito mais comum em suínos, e o homem é um hospedeiro acidental. Essa infecção ocorre quando um humano ou animal infectado evacuam os ovos por meio das fezes, de forma que polui o ambiente e, consequentemente, contaminando solo e alimentos", afirma o parasitologista.
Tal situação é favorecida pela falta de saneamento básico adequado, ainda presente em inúmeras regiões do país.
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"A imagem é tão chocante para nós, profissionais, quanto para a sociedade em geral. Podemos ver que houve uma ingestão de um número muito grande de cisticercos e com uma disseminação muito grande", diz o parasitologista.
Ele esclarece que a teníase só é desenvolvida pela tênia proveniente dos porcos. A tênia bovina (Taenia saginata) não é capaz de ocasionar o quadro.
Fujiwara alega que a cisticercose disseminada trata-se de quadros nos quais existam muitos pontos de parasitas, como na imagem, e que esse tipo de diagnóstico não é considerado comum.
Entre os sintomas, neste caso, por se tratarem de larvas, elas costumam excretar antígenos, o que pode causar coceira e alergia locais. Porém, com o tempo, dada a impossibilidade do parasita sair do corpo, ele morre e se calcifica.
"Casos como esse, em que o alojamento é no músculo, pode haver a sensação de dores e cãibras pelo corpo e, depois de calcificados, formados os cistos e passar despercebidos. Por outro lado, quando o alojamento ocorre em outras áreas, como no cérebro, pode haver morte tecidual, provocando convulsões, ou trazer alterações cardiológicas, se instalados no coração", relata o parasitologista.
Lina Paola, médica infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que o diagnóstico de parasitoses, comumente, é realizado a partir da suspeita clínica, conforme as queixas dos pacientes, que podem variar de indiposições estomacais e intestinais, a sintomas neurológicos, caso o parasita se instale no cérebro, e é confirmado por meio do exame parasitológico de fezes.
A infectologista afirma que outras parasitoses podem ser contraídos pelo consumo de alimentos e água contaminados. Entre eles, estão:
Ascaridíase: causada pelo verme Ascaris lumbricoides, que pode ser transmitido pela ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos do parasita;
Giardíase: causada pelo protozoário Giardia lamblia, que pode ser contraído por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados;
Teníase: causada pelo verme Taenia saginata, que pode ser adquirida pela ingestão de carne bovina malcozida ou crua;
Amebíase: causada pela ameba Entamoeba histolytica que pode ser transmitida pela ingestão de alimentos e água contaminados com cistos do parasita;
Esquistossomose: causada pelo verme Schistosoma mansoni que pode ser adquirido pelo contato direto com água.
O tratamento das parasitoses exige a orientação de um médico a partir do diagnóstico, geralmente encontrados no SUS (Sistema Único de Saúde), como informa o parasitologista.
Para a cisticercose, além do tratamento antiparasitário, é necessário o acompanhamento médico para verificar se há algum dano secundário provocado pela larva.
"A maioria dos parasitas acabam morrendo com o uso dos medicamentos e, em sequência, são expelidos pelas fezes. Na cisticercose, o parasita morto é calcificado e forma cistos locais" explana Fujiwara.
Para evitar as parasitoses, de maneira geral, Fujiwara afirma que são necessários um conjunto de ações. O ideal, segundo o médico, é a identificação de pessoas infectadas por meio de exames de fezes e fazer o tratamento adequado, o que já reduziria a oferta de ovos parasitários no ambiente.
Outro ponto destacado é a melhoria da infraestrutura sanitária do país, em que os dejetos tenham a destinação correta e o esgoto seja devidamente tratado para que o ovos sejam destruídos quimicamente.
Ele salienta que é importante, também, que os vegetais e hortaliças sejam regados com água tratada por parte dos agricultores, e que os consumidores lavem bem os alimentos com água corrente, além de colocá-los de molho com produos específicos para eliminar eventuais microorganismos.
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