Entenda a leucemia mieloide, que levou à morte neto de Paulo Betti
Antônio, de 1 ano e 7 meses, não resistiu à doença; segundo oncologista pediátrico, tipo de câncer é raro em crianças, mas costuma ser agressivo
Saúde|Deborah Giannini, do R7
A leucemia é o tipo de câncer mais comum em crianças, no entanto o tipo leucemia mieloide é raro, com incidência de 1 para 150 mil, segundo o oncologista pediátrico José Henrique Silva Barreto, do Hospital São Rafael, de Salvador.
Ele explica que há oito subtipos de leucemia mieloide, sendo dois com bons prognósticos. Mas, de uma forma geral, trata-se de um tumor agressivo que necessita de quimioterapia para ser combatido e, muitas vezes, transplante de medula.
Leia também: Sem sintomas específicos, leucemia é detectada em exame de rotina
Antônio, de 1 ano e 7 meses, único neto da atriz Eliane Giardini e do ator Paulo Betti, morreu no último final de semana da doença.
O câncer infantil é raro, representando apenas 0,2% de todos os cânceres, de acordo com o oncologista. Ele afirma que a doença em crianças é mais agressiva, mas elas respondem melhor ao tratamento do que adultos, geralmente alcançando a cura. "A criança é capaz de receber quimioterapia em altas doses, porque ela consegue se recuperar rapidamente, sua medula se recupera mais facilmente", diz Barreto.
Saiba mais: Tratamento menos agressivo para leucemia em adultos chega ao país
Diferentemente do câncer em adulto, o câncer na criança está relacionado ao desenvolvimento embrionário e não à exposição a fatores ambientais. O oncologista pediátrico explica que a prediposição ao câncer infantil se configura durante a formação do embrião e estímulos após o nascimento da criança, como exposição à radiação e infecções virais ou bacterianas, podem ser desencadeadores da doença.
"A leucemia mieloide é causada pela alteração do crescimento descontrolado de células diferenciadas chamadas blasto. No caso, os mieloblastos. Na maioria dos casos, não tem causa evidente, mas apresenta risco aumentado quando há exposição à radiação ionizante, como ocorreu em Hiroshima, no Japão, e com o acidente com Césio em Goiânia", afirma.
Segundo ele, pessoas que tratam câncer com quimioterapia, dependendo do medicamento utilizado, têm chance do desenvolvimento de um segundo câncer de leucemia mieloide. "Outros fatores associados à leucemia mieloide são a anemia de Fanconi e a Síndrome de Down, mas em geral, esses pacientes respondem muito bem ao tratamento", diz.
Os sintomas da leucemia mieloide são febre, cansaço, fadiga, palidez, manchas roxas na pele, sangramento no nariz ou na boca e infecções na pele. "A criança perde o interesse pelo brinquedo", orienta.
Leia também: Câncer em jovens e crianças é mais agressivo, mas taxa de cura é maior
Exames simples de sangue, como hemograma, são capazes de dar pistas ao médico sobre o diagnóstico da doença. "O hemograma mostra alterações na medula óssea, nas células de sangue, como presença de anemia, leucócitos muito altos ou muito baixos, células de defesa baixas e plaquetas baixas", diz.
"Na criança, a prevenção do câncer é o diagnóstico precoce. Quanto mais precocemente a família procurar um médico, maior a chance de cura", completa.
Anticorpos adquiridos no primeiro ano de vida podem evitar a leucemia: