Saiba quantas bananas é seguro comer sem extrapolar o limite da ingestão diária de potássio
Níveis elevados do mineral no organismo podem resultar em um tipo de arritmia potencialmente fatal
Saúde|Giovanna Borielo, do R7
O potássio está entre um dos principais nutrientes do corpo e é necessário para o correto funcionamento das células, nervos e músculos. É importante que os níveis desse mineral estejam sempre dentro dos limites de referência estabelecidos, já que o excesso (hipercalemia) e falta (hipocalemia) dele podem ser prejudiciais à saúde.
Segundo o cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio-Libanês, o excesso de potássio no organismo ocorre em casos de insuficiência renal, visto que o órgão tem função reguladora dos níveis do mineral; por desidratação; pelo consumo excessivo de alimentos ricos em potássio, como banana, abacate, espinafre, aveia e amêndoa; e pelo uso de medicamentos que retêm potássio.
A nutricionista Daniele Borges afirma que a hipercalemia pode trazer efeitos graves e até ser potencialmente fatal para esses pacientes.
“O excesso de potássio pode levar a ritmos cardíacos anormais, como a fibrilação ventricular, que é uma arritmia perigosa. Em casos extremos e não tratados, a hipercalemia pode ser fatal. Além disso, níveis elevados de potássio podem afetar a função dos músculos e dos nervos, causando fraqueza muscular, paralisia e outros problemas de saúde.”
Silveira acrescenta que os níveis elevados do mineral podem levar, também, a crises convulsivas e até mesmo à parada do coração.
O cardiologista adverte que, entre pessoas com o coração transplantado, é comum existirem problemas de hipertensão e insuficiência renal, o que dificulta a eliminação do potássio na urina. Além disso, tais pacientes fazem uso de medicamentos para evitar a rejeição do órgão, o que acaba retendo o mineral no organismo e aumentando o risco de arritmia.
Dessa forma, esses pacientes devem ter ainda maior controle dos níveis de potássio, sob o risco de perderem o órgão transplantado.
Entre os sintomas da deficiência de potássio, os especialistas elencam fraqueza muscular, fadiga, cãibras, palpitações cardíacas, náuseas e vômitos.
Daniele lembra que a banana é um dos principais alimentos que são fonte de potássio, com uma média de 400 mg a 450 mg em cada fruta, sendo que a recomendação de ingestão diária é de 2.500 mg a 3.000 mg de potássio por dia.
Portanto, seriam necessárias aproximadamente de sete a oito bananas para atingir o limite máximo diário de potássio (3.000 mg).
"No entanto, se você tiver problemas renais ou outras condições médicas que afetem o equilíbrio de potássio no corpo, é importante conversar com um médico ou nutricionista para determinar a quantidade segura de bananas para o seu caso específico", ressalta.
É importante salientar que outros alimentos ingeridos no dia a dia também são ricos em potássio.
Uma batata-doce cozida tem 542 mg; um tomate, 331 mg; espinafre cozido, 839 mg; abacate, 487 mg.
Portanto, cabe considerar uma quantidade bem menor do que oito bananas diariamente.
O diagnóstico de alterações nos níveis de potássio é feito a partir de exames de sangue.
O tratamento da hipercalemia depende da causa do problema, explica Silveira.
“Se for um medicamento, os níveis devem ser ajustados ou até mudados. Deve-se observar a hidratação do paciente e se os rins estão funcionando normalmente, podendo haver a necessidade de diálise para a eliminação de potássio e verificar a ingestão via alimentos, com eventual necessidade da exclusão deles.”
Daniele complementa que não se deve tentar eliminar o excesso de potássio por conta própria, em casa, pois isso pode ser perigoso.
"A internação pode ser necessária nos casos mais graves de hipercalemia, especialmente se houver risco de complicações cardíacas. A internação permite um monitoramento mais próximo e o tratamento imediato, como a administração de medicamentos para reduzir os níveis de potássio.”
Embora não exista uma faixa etária que possa ser mais afetada pela hipercalemia, os especialistas fazem o alerta de que idosos e pessoas com diabetes, hipertensão, doenças renais e insuficiência cardíaca correm maior risco do excesso, devido às alterações nas funções renais e ao uso de medicamentos.
A nutricionista reforça que, para evitar a ocorrência de hipercalemia, é importante manter uma dieta equilibrada e controlar o consumo de alimentos ricos em potássio, como bananas, laranjas, batatas, tomates e alimentos ultraprocessados que contenham aditivos do mineral.
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