Filho de ex-Polegar tem parada respiratória após engasgo. Entenda
Luigi, de seis anos, recuperou a consciência, mas teve amnésia para eventos recentes; pediatras ensinam jeito certo de prestar primeiros socorros
Saúde|Brenda Marques, do R7
O médico oftalmologista e ex-integrante do grupo Polegar Alan Frank passou por um susto com um de seus filhos gêmeos no começo deste mês. Ele estava no aeroporto de Guarulhos com a família ao voltar de uma viagem quando Luigi, de seis anos, se engasgou ao tomar água e teve uma parada respiratória:
"Estávamos aguardando as bagagens e o Luigi pegou um copinho de água mineral da minha mochila e saiu correndo, pulando, brincando, e bebendo a água que pegou sem pedir”, contou em entrevista à revista Marie Claire.
“De repente, quando ele estava próximo à mãe, longe de mim, engasgou com a água, em seguida vomitou e provavelmente o pedaço de algum alimento obstruiu as vias aéreas de modo que ele começou a ficar roxo e perdeu completamente os sentidos. Teve uma parada respiratória".
O engasgo acontece por um desvio. “Aquilo que a criança tem na boca vai para o trato respiratório ao invés de ir para o digestório, atinge a via aérea alta e depois vai para a traqueia”, explica a pediatra Andrea Fraga presidente do Departamento de Emergências da Sociedade de Pediatria de São Paulo e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ela destaca que qualquer coisa que esteja dentro da boca da criança pode causar engasgo, desde alimentos e líquidos até brinquedos.
Já Wylma Hossaka, pediatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ressalta que o engasgo também pode acontecer por causa do vômito. “Nessa situação, ocupa toda a traqueia e a árvore respiratória [que leva o ar aspirado das narinas para os pulmões]”, afirma.
A parada respiratória e a perda de consciência podem acontecer em minutos, de acordo com ela. “É a mesma coisa que ser asfixiado”, compara.
No geral, o engasgo começa a provocar danos cerebrais a partir dos 5 minutos. Se chegar a 10 minutos, a criança pode ter uma parada respiratória, segundo Andrea.
Alan prestou os primeiros socorros, mas sem sucesso. Luigi já estava há dois minutos desacordado quando ele tentou novas manobras e continuou sem resposta.
"Resolvi aspirar e em seguida soprar novamente, daí então tive êxito. Fiz a respiração boca-nariz mais algumas vezes e ele voltou a respirar. A corzinha dele voltou, mas ele estava em coma. Um pesadelo terrível", desabafou.
O menino foi levado para um hospital em Guarulhos e lá voltou a ficar consciente, porém esqueceu de coisas específicas.
“Ele estava consciente e orientado, porém em estado de amnésia para eventos recentes. Não lembrava da viagem à Bahia, não lembrava do avião, nem de nada recente”, relatou.
A falta de oxigênio poderia ter deixado outras sequelas. As mais graves são neurológicas, de acordo com Andrea. "Dependendo da parte [do cérebro] que ficou com hipóxia a criança pode parar de falar, enxergar e escutar", afirma.
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Wylma, por sua vez, ressalta que se o socorro for rápido, a criança não terá nenhum dano mais sério. "Sequelas neurológicas são raras. Casos mais graves, no geral, resultam em óbito", acrescenta.
Saiba como agir se seu filho engasgar
As pediatras ressaltam que se a criança estiver tossindo e respirando, não é necessário interferir. "É necessário tossir, porque é o melhor jeito de expelir o corpo estranho", destaca Andrea.
Caso a criança não esteja respirando, a primeira coisa a se fazer é a manobra de desobstrução das vias aéreas e chamar a ajuda do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), pelo telefone 192 ou os bombeiros (193).
As manobras variam de acordo com a faixa etária da criança. Até um ano de idade, o adulto deve colocar a criança em seu braço — apoiado na perna — e bater cinco vezes nas costas.
"A boca da criança deve estar para fora do braço", observa Andrea. Depois, virar o bebê de barriga para cima e apertar o toráx cinco vezes com a palma da mão.
"Muitas vezes, as pessoas começam com respiração. Mas a primeira coisa a se fazer é a massagem cardíaca", enfatiza Wylma. De acordo com ela, a proporção deve ser de 15 massagens cardíacas para duas respirações boca a boca. "No total, deve haver 100 massagens por minuto", afirma.
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Caso a criança seja mais velha, é necessário ficar atrás dela e envolver sua barriga com as duas mãos posicionadas embaixo do umbigo. "A pessoa deve colocar uma mão em cima da outra e pressionar a região. É como se fosse um aperto na barriga, de baixo para cima", orienta a pediatra.
Pipoca e amendoim são os que mais causam engasgo
Andrea ressalta que o engasgo é mais comum em crianças menores de quatro anos porque elas têm uma dificuldade maior para mastigar e identificar os alimentos mais perigosos: os lisos e arredondados:
"Uva, morango, salsicha... mas os campeões são pipoca e amendoim", relata. "Elas também se engasgam muito com brinquedos."
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Já as crianças menores de um ano são as que correm mais risco de ter complicações. "Suas vias aéreas são menores, então é mais fácil de engasgar", explica. "E também elas têm o hábito de colocar tudo na boca para conhecer o mundo à volta."
Atenção com alimentos e brinquedos
Alguns hábitos simples podem prevenir engasgos, como deixar coisas pequenas fora de alcance e picar bem os alimentos. "Os pais não devem deixar as crianças se alimentarem sozinhas, é preciso que elas fiquem sob vigilância", alerta Andrea.
"Depois que os bebês mamam, é preciso colocá-los para arrotar e esperar no minímo 20 minutos até deitar de novo", aconselha Wylma.
Ela destaca que crianças maiores devem fazer uma coisa de cada vez. "Não dá para ficar pulando, é preciso sentar e se concentrar".
A atenção com brinquedos também é fundamental. "Tem que ser liberado pelo Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia] e é importante observar a faixa etária para a qual ele é apropriado", ressalta Andrea.
Como garantir uma saúde de ferro para seu filho, segundo pediatra: