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Hidroxicloroquina aumenta mortes de pessoas com covid, diz estudo

Pesquisadores analisaram dados de mais de 10 mil casos envolvendo uso do medicamento em infectados pelo coronavírus

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Ministério da Saúde tem diretriz que instrui uso da hidroxicloroquina em pacientes com covid
Ministério da Saúde tem diretriz que instrui uso da hidroxicloroquina em pacientes com covid

O trabalho científico mais abrangente sobre o uso da hidroxicloroquina por pacientes com covid-19 realizado até hoje concluiu que a droga não só é ineficaz contra o coronavírus como aumenta a mortalidade dos pacientes infectados.

Publicado na renomada revista científica Nature, no último dia 15, o artigo traz a análise de 28 ensaios clínicos randomizados ou não, envolvendo 10.319 pacientes, realizados ao redor do mundo. 

A conclusão dos pesquisadores foi de que "o tratamento com HCQ [hidroxicloroquina] foi associado ao aumento da mortalidade em pacientes com covid-19, e não houve benefício do tratamento com CQ [cloroquina]".

Um dos estudos prévios analisados pelos autores do artigo publicado na Nature foi justamente o Recovery, que já havia apontado "nenhum benefício" de evitar mortes e, pior, concluiu que pessoas que tomaram hidroxicloroquina tinham "hospitalização mais longa e maior risco de progressão para ventilação mecânica invasiva e/ou morte".


Após os achados no Recovery, a OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a desaconselhar o uso das duas drogas no tratamento de pacientes com covid-19. 

A cloroquina é um medicamento usado no tratamento de casos de malária, para os quais têm segurança comprovada há décadas.


A versão com menos efeitos colaterais, hidroxicloroquina, é também aprovada por órgãos reguladores de medicamentos para pessoas com doenças reumáticas — como lúpus eritematoso, artrite reumatoide, síndrome de Sjogren e algumas vasculites.

As duas drogas ganharam fama após o pesquisador francês Didier Raoult divulgar um estudo com resultados extremamente otimistas em relação ao uso da droga.


Ocorre que após outros trabalhos indicarem o contrário, além daquilo já observado na prática, Raoult e equipe publicaram uma carta aberta à comunidade científica admitindo erros na pesquisa, que também associava o uso do antibiótico azitromicina.

Embora em muitos lugares, como nos Estados Unidos, o medicamento tenha sido descartado logo no início da pandemia, o Ministério da Saúde brasileiro mantém até hoje diretrizes que podem ser endossadas por médicos para prescrever o tratamento.

As compras vultosas de matéria-prima pelo Exército para fabricação de cloroquina e hidroxicloroquina e as distribuições aos estados e municípios, bem como incentivo ao uso, devem ser objeto de discussão na CPI (comissão parlamentar de inquérito) que vai investigar as ações do governo federal no combate à pandemia. 

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