Menos de 20% dos brasileiros tomaram a vacina bivalente contra a Covid-19, diz Saúde
Nova cepa causa surto no Ceará, e há preocupação com aumento da transmissão neste fim de ano e nas férias
Saúde|Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Quase um ano após o início da aplicação no Brasil, a vacina bivalente contra a Covid-19 ainda tem baixa procura.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a cobertura nacional estagnou em 17%.
As maiores taxas de vacinação são do estado de São Paulo, com 23%, seguido pelo Distrito Federal e Piauí, ambos com 20%. Por outro lado, Pará, Mato Grosso do Sul e Alagoas têm apenas 11% da população imunizada.
Atualmente, a vacina bivalente é aplicada em todos os adultos acima de 18 anos e em adolescentes acima de 12 anos com comorbidades, que fazem parte de grupos de risco. A bivalente só pode ser tomada por quem recebeu pelo menos duas doses da monovalente.
Mesmo com o fim da emergência sanitária declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Covid-19 ainda mata, principalmente pessoas mais suscetíveis.
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As novas cepas continuam surgindo, e há muitas variantes sob preocupação ou em monitoramento com o potencial de desencadear novos surtos. Uma delas, em particular, a JN.1, está se espalhando pela Europa e já causou um surto no Ceará desde que foi detectada no país, no mês passado.
Embora a OMS afirme que essa cepa apresenta baixo risco para a saúde global, no Ceará os casos vêm aumentando desde a segunda quinzena de novembro, e 80% das amostras sequenciadas correspondem a essa variante. A cepa JN.1 já foi identificada também em São Paulo e Mato Grosso do Sul, e alguns casos não tinham histórico de viagem ao exterior, sugerindo que ela já esteja em circulação no país.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde estabeleceu um reforço da vacina bivalente para pessoas com mais de 60 anos e para imunocomprometidos com mais de 12 anos que tenham recebido a última dose há mais de seis meses. Segundo a pasta, mesmo que a Covid-19 não apresente comportamento sazonal, há preocupação com as festas de fim de ano e férias, períodos de grande mobilidade e aglomerações que, em anos anteriores, resultaram em ondas da doença no início do ano seguinte.
Para os especialistas, vários fatores estão por trás da baixa procura. “Com a queda do número de óbitos, as pessoas estão menos preocupadas”, observa a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Também falta divulgação”, opina a especialista. A vacina não evita a doença, mas continua efetiva na prevenção das formas graves.
Bivalente fará parte do calendário nacional de vacinação
Em 2024, a vacina bivalente será incluída no calendário nacional de vacinação para crianças com idade entre 6 meses e 5 anos. Nessa faixa etária, o esquema de vacinação contará com três doses. Aqueles que já receberam as vacinas em 2023 não precisarão repeti-las.
Além desse público, a vacina será destinada a grupos de risco, que incluem: idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas, trabalhadores de saúde, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, pessoas com deficiência permanente, pessoas em situação de rua, pessoas privadas de liberdade e jovens cumprindo medidas socioeducativas, além de pessoas que vivem em instituições de longa permanência e seus trabalhadores.
Neste ano, até 25 de novembro, o Brasil registrou 1.747.130 casos e 13.936 mortes pela Covid-19.
O que fazer em caso de sintomas gripais?
• Manter o isolamento e usar máscara em casa e no trabalho, evitando ao máximo contato com pessoas de risco;
• Procurar deixar os ambientes bem ventilados e adotar medidas de limpeza, principalmente das superfícies mais tocadas (como maçanetas, mesas, interruptores etc.);
• Lavar as mãos com água e sabonete se estiverem visivelmente sujas ou usar álcool gel quando não apresentarem sujidade;
• Aplicar a etiqueta respiratória, ou seja, cobrir a tosse ou o espirro com lenço descartável ou o dorso dos braços se não estiver utilizando máscara num ambiente em que mais pessoas estejam presentes;
• Buscar atendimento médico e fazer o teste no segundo dia de sintomas. Se o resultado for negativo, considerar repetir no quarto ou quinto dia.
Qual é a recomendação se testar positivo para Covid-19?
• Manter isolamento domiciliar por sete dias, com possibilidade de redução para cinco dias se estiver sem febre nas últimas 24 horas e testar negativo no fim do quinto dia;
• Monitorar os sinais de agravamento e procurar um serviço de saúde em caso de piora;
• Usar máscara até completar dez dias após o início dos sintomas;
• Idosos e imunocomprometidos devem procurar uma unidade de saúde para receber antiviral.