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Morte súbita como a do jornalista Rafael Henzel não é uma fatalidade

Cardiologistas alertam que as principais causas de infartos fulminantes podem ser detectadas e controladas com exames, remédios e dietas

Saúde|Deborah Bresser, do R7

Henzel teve um infarto jogando bola com os amigos
Henzel teve um infarto jogando bola com os amigos Henzel teve um infarto jogando bola com os amigos

A morte do jornalista Rafael Henzel, aos 45 anos, que sofreu um infarto durante uma partida de futebol com os amigos, reacende o debate sobre os riscos do esporte de fim de semana.

Henzel foi um dos seis sobreviventes do acidente aéreo que, em 29 de novembro de 2016, vitimou grande parte do time da Chapecoence, na Colômbia. Na tragédia, morreram 71 pessoas. Henzel viveu 849 dias a mais depois disso. Foi socorido, mas não resistiu.

Sobrevivente do voo da Chape, Rafael Henzel morre de infarto

O professor de Cardiologia e Medicina do Esporte da Unifesp e do Instituto Dante Pazanezzi, Nabil Ghorayeb, alerta que morte súbita não é uma fatalidade. "Tem começo, meio e fim. O começo está relacionado a fatores de risco como diabetes, colesterol elevado, pressão alta, herança familiar, com parentes com doenças cardíacas com menos de 60 anos, tabagismo", explica.

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Muitos desses sinais, no entanto, são silenciosos. De acordo com o médico, cerca de 50% das pessoas com pressão alta, por exemplo não sabem e não sentem a hipertensão. "Na faixa acima de 35 anos, das mortes súbitas que acontecem no esporte o infarto é causa de 95% delas. É o momento em que as doenças silenciosas podem se manifestar", diz Ghorayeb. 

O caso de Henzel pode se enquadrar também no que o cardiologista chama de 'gatilho do esporte'. "Sempre deveria ter como norma uma avaliação médica antes de qualquer prática esportiva. Se existe alguma dessas doenças silenciosas, elas aparecem. A prática de esportes que como o futebol exigem mais rendimento e resistência do coração", esclarece.

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Os esportes de competição, lembra o médico, têm ainda um componente emocional. Quem quer ganhar fica mais excitado para a vitória. "Se for entre amigos e parentes, então, pior. Niguém quer perder e ter de aguentar gozação a semana toda." 

Mal súbito e parada cardíaca

Ney Valente, diretor de Cardiologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), explica que o infarto se dá, na grande maioria dos casos, por causa da aterosclerose, a formação de placas de gordura nas artérias, que dificultam a passagem do sangue. Os fatorres de risco, como a hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, podem ser detectados em exames e consultas de rotina.

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"Fazemos glicemia, pressão, colesterol total e frações, consideramos o fator hereditário, o tabagismo, o estesse crônico. Dá para tratar tudo, em alguns casos com controle da dieta, em outros com medicamentos", explica. "A partir dos 30 anos é recomendado fazer esse controle." 

O infarto se manifesta como um mal estar com suor, palidez, falta de ar, queimação no tórax (muitas vezes confundida com dor de estômago), aperto no peito, irradiação da dor para o braço esquerdo, às vezes o direito, e em alguns casos dor na mandíbula. Além dos fatores biológicos de risco, o uso de cocaína, destaca o médico, também pode levar ao espasmo coronariano.

O exercício extenuante eleva, por si só, a pressão arterial. Se existir uma placa, o risco de que ela se rompa é maior. Praticar esportes uma vez por semana, alerta Nabil Ghorayeb, não tem nenhum benefício. É apenas uma atividade lúdica. O ideal, recomendam os médicos, é a prática de meia hora, pelo menos três vezes por semana. "Morre-se pouco no esporte, as equipes fazem exames. Mas entre a população é um verdadeiro desastre", admite o médico. 

No caso de Henzel, tudo indica, o esporte foi o gatilho do infarto, que provoca a parada cardíaca e leva à morte súbita. Em uma situação de mal estar agudo, a recomendação de Ghorayeb é chamar o socorro.

"Se a pessoa passar mal, não a tire do lugar. Massageie o peito e chame o Samu (ou o serviço de emergência). Nunca leve de carro para o hospital. É melhor a vítima ficar no lugar onde está, deixe a pessoa confortável, converse com ela para que não perca os sentidos e aguarde o socorro", explica o cardiologista. "É sempre bom lembrar: não vai dar para salvar todo mundo, mas sem o deslocamento existe chance de 10% de salvar uma vida."

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