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Número de diabéticos no Brasil deve dobrar nos próximos 30 anos

Maior desafio da doença é o controle glicêmico, realizado por apenas 9% dos adultos, segundo pesquisa; mais de 13 milhões de brasileiros têm diabetes

Saúde|Gabriela Lisbôa, do R7

Diabético usa cerca de 200 fitas por mês para fazer testes de glicemia
Diabético usa cerca de 200 fitas por mês para fazer testes de glicemia

Controlar a taxa de glicemia é a maior dificuldade para quem vive com diabetes no Brasil. Mais de 13 milhões de brasileiros entre 20 e 79 anos sofrem com o diabetes.

O dado é da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), que estima que até 2045 a doença afete 24 milhões de pessoas, e a maior parte dos pacientes não vai conseguir controlar a doença.

Existem dois tipos de diabetes. O tipo 1, de origem genética, que começa a se manifestar na infância ou na adolescência; e o tipo 2, que pode ser desenvolvida na fase adulta e é influenciada pelo estilo de vida da pessoa. Neste caso, hábitos como tabagismo, sedentarismo e má alimentação contribuem para o surgimento da doença.

Um estudo feito por pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Sul, Amazonas, Pará e São Paulo em 28 centros de saúde pública de 20 cidades brasileiras, concluiu que apenas 23% das crianças e dos adolescentes e 9% dos adultos com diabetes conseguem o controlar o índice de glicemia e, desta forma, controlar a doença.


O estudo também apontou que a dificuldade de controle é maior na região Norte do país, seguida da região Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Para a endocrinologista Denise Franco, diretora da ADJ (Associação Diabetes Brasil), os números mostram a relação entre a dificuldade de controlar o diabetes e a qualidade dos serviços públicos de saúde.

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A especialista explica que o SUS oferece tratamento para o diabetes, mas nem sempre as unidades de saúde têm médico disponível e é comum que falte medicação. “Em uma região do país, o controle pode ser mais fácil porque lá o paciente tem acesso a 200 fitas por mês, mas em outra região, essas fitas podem estar em falta e sem elas, o paciente não tem como fazer o teste para ver o índice de glicose”, explica a médica.

A pesquisa também concluiu que, entre os pacientes de baixa renda, a dificuldade de controle da doença é maior. Isso acontece porque esses pacientes têm mais dificuldade de ter acesso a médicos especialistas, no caso, endocrinologistas – e, desta forma, receber informações mais detalhadas sobre o tratamento e as consequências de ter a doença sem controle.


Entre os pacientes com renda baixa, 65% conseguem marcar consultas com endocrinologista. Entre os pacientes da classe média, o índice sobre para 75% e entre os pacientes das classes mais altas, 78%.

O estudo também aponta que o número de especialistas no Brasil é insuficiente tanto na rede pública quanto na rede particular. De acordo com o CFM (Conselho Federal de Medicina) existem 5.200 endocrinologistas no país. De acordo com a última estimativa do IBGE, o país tem 208 milhões de habitantes, ou seja, uma média de um endocrinologista para cada 40 mil habitantes.

Controlar diabetes exige novo estilo de vida

Controlar a glicemia é um grande desafio porque envolve uma série de mudanças de hábitos e estilo de vida do paciente.

De acordo com Denise, o paciente precisa entender que tem uma doença crônica, que não tem cura, mas que pode ser controlada. “Esse controle depende de mudanças de hábito, de estilo de vida, o que incluiu aceitar a necessidade de uso de medicação e de seguir o tratamento de maneira correta”, explica a médica.

Essas mudanças fazem parte do que se chama de educação em diabetes – é o conjunto de informações que o paciente e as pessoas que convivem com ele precisam assimilar para controlar a doença. “Diabetes não é como uma doença que você toma antibiótico e em sete dias está curado. O paciente tem que saber se cuidar, precisa de informação e precisa estar disposto a aceitar as mudanças”, diz a endocrinologista.

Controle diminui gastos com saúde pública

O descontrole da glicemia é responsável por diversas complicações causadas pelo diabetes, entre elas doenças oculares, doenças cardiovasculares, danos nos rins, problemas no sistema nervoso, infecções e amputações.

“Manter a glicemia elevada, significa manter um processo inflamatório crônico, o que aumenta o risco de complicações, o que aumenta risco de internação. Se o paciente estiver controlado, esse risco de ser internado é menor. Trabalhar na prevenção significa custo a menos paro serviço público”, explica Denise.

O estudo também analisou o valor médio e custos totais das internações causadas por complicações do diabetes. O custo médio de uma internação de um adulto com diabetes é de US$ 845 (equivalente a R$ 3.434), ou 19% maior do que a internação de um paciente sem a doença.

A endocrinologista explica a diferença usando um caso de infarto como exemplo. “Quando acontece um infarto, não é só ir para o hospital. São dias de terapia intensiva, são procedimentos cirúrgicos e outros tratamentos. Se poderia ser uma internação de 3 ou 4 dias, no paciente com diabetes, o risco de complicar e precisar de mais tempo no hospital é maior”.

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