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O que é a síndrome do pensamento acelerado, transtorno que fez Dani Russo ser internada

Youtuber passa por hospitalizações recorrentes devido a condição, que pode causar, por exemplo, irritabilidade e distúrbios do sono

Saúde|Yasmim Santos*, do R7


Dani Russo recebeu o diagnóstico da síndrome há cerca de um ano
Dani Russo recebeu o diagnóstico da síndrome há cerca de um ano

Na última quinta-feira (29), Dani Russo contou em seu Instagram que foi internada para tratar os sintomas da síndrome do pensamento acelerado, condição que já fez com que ela fosse hospitalizada outras vezes.

A youtuber convive com o transtorno desde 2021 e desabafou com os seguidores sobre o que tem passado.

"Na hora de dormir, fico tão inquieta que me dá náusea, enjoo e começo a vomitar. Minha ansiedade faz isso comigo. Tenho essas crises fortes a cada três meses. Já faz um ano que a cada três meses eu dou entrada no hospital com os mesmos sintomas."

A síndrome foi descrita há pouco tempo pelo psiquiatra Augusto Cury e, apesar de não ser considerada uma doença, os sintomas existem e são prejudiciais.

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"A síndrome é identificada quando a mente fica repleta de pensamentos durante todo o tempo em que a pessoa está acordada, levando à dificuldade de concentração, aumento da ansiedade e comprometimento da saúde física e mental", explica a psiquiatra Sônia Palma, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A condição ainda não está presente em manuais de classificação de doenças e nem de transtornos psiquiátricos, mas pode aparecer, por exemplo, em pessoas com distúrbios mentais.

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A especialista diz que "é um conceito recente, mas, pode ser tanto um diagnóstico diferencial, como pode ser incluída no quadro sintomatológico da ansiedade e depressão". 

O psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que isso ocorre porque a síndrome é um conjunto de sintomas, que podem ser também do espectro da hipomania, bipolaridade, ou eventualmente até de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade).

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"Quando falo de espectro, não quer dizer que seja exatamente isso, mas é uma parte. Esse tipo de coisa pode ser causado por vários aspectos", ressalta Bottura.

O transtorno pode ser um dos primeiros sinais para outra condição não diagnosticada, pois ela age como "sintoma pródromo – é o que acontece com uma doença antes dela estar escancarada", explica o médico.

"Do ponto de um psicoterapeuta, por trás dessa questão, muitas vezes, tem uma ambição muito grande, uma vaidade muito grande. Muitas vezes, alguém, por exemplo, adquire um brilho, socialmente ou profissionalmente, muito grande e não pode decepcionar pessoas, então ela acaba se sobrecarregando, se privando de repouso, porque, de alguma forma, o êxito é estimulante, ele retroalimenta essa ansiedade", acrescenta o psiquiatra.

O especialista complementa que a busca por admiração "vicia tanto quanto cocaína". Porém, chega uma hora que a pessoa perde o controle para não decepcionar a expectativa dos outros, e esse momento se torna prejudicial.

O estresse constante, trabalhos com metas, conectividade exagerada e uso excessivo das mídias sociais também estão entre os fatores que podem ser considerados estopins para a síndrome.

Sintomas

Sônia explica que o principal sintoma da condição é a sensação que a pessoa têm de que o período de 24 horas, ou seja, um dia inteiro não é suficiente para terminar as tarefas que ela precisa.

"Pode aparecer irritabilidade, diminuição da concentração, sensação de não conseguir descansar o suficiente, sono não repousante, inquietude, mudança de humor, insatisfação constante. Podem aparecer também sintomas físicos, como dor de cabeça, dores musculares, problemas dermatológicos, como queda de cabelo, pruridos [coceiras], além de sintomas gastrointestinais", relata a psiquiatra.

Diante disso, a síndrome diminui a qualidade de vida do indivíduo e pode causar até distúrbios do sono.

"Do ponto de vista psiquiátrico, há necessidade de intervenção medicamentosa consistente – a pessoa tem que tomar remédio por um bom tempo – porque, muitas vezes, há uma depressão subdiagnosticada ou não diagnosticada, e se manifesta sobre forma de ansiedade, de agitação. Pode ser também devido à privação do sono", alerta Bottura.

Quando a pessoa tem o diagnóstico de ansiedade e depressão, há necessidade de fazer uma nova avaliação psiquiátrica para, possivelmente, iniciar uma medicação e tratamento com psicoterapia. 

Sônia diz que o caso de Dani Russo é considerado extremo, devido às recorrentes internações, pois, em geral, as intervenções precoces são suficientes para conter a progressão do quadro.

Outros que estão expostos à síndrome, são "estudantes que passam muito tempo em sala de aula (colégios integrais e cursinho) e indivíduos que trabalham com muita pressão para entrega de resultados – bancários, professores".

Para Bottura, o gatilho também "está na personalidade da pessoa, uma sensação de falta de aceitação, uma ambição muito grande, uma vaidade muito grande, têm sentimentos por trás disso e tornam a pessoa vulnerável. Ela sente admiração nos meios sociais, aquilo retroalimenta um problema e chega uma hora que a pessoa perde o controle da situação".

Tratamento

De acordo com Sônia, o primeiro passo é diagnosticar com um profissional médico – psiquiatra e/ou psicólogo.

"Em geral, o tratamento inclui métodos de relaxamento (técnicas de respiração, meditação mindfulness [exercícios de atenção plena]), exercício físico, mudança de rotinas estressantes com pausas durante o trabalho. Melhora dos hábitos de sono e alimentação saudável também", conta a psiquiatra.

A especialista ainda recomenda que o paciente escolha um hobby, como leitura e trabalhos manuais. 

"O tratamento tem que ser muito cuidadoso, não pode tirar a criatividade e a espontaneidade da pessoa. Possivelmente, uma pessoa dessa não consegue mudar o hábito, nem meditar, quando ela passa de um certo nível, vai precisar de remédios mesmo, de um acompanhamento psicoterápico muito intenso, vai precisar aprender a dar valor a si mais do que a admiração, que é uma armadilha", conclui Bottura.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Fernando Mellis.

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