Pais podem causar obesidade infantil nos filhos, diz especialista
Nutrólogo explica como comportamento familiar pode resultar no ganho de peso de uma criança
Saúde|Do R7
As inúmeras razões que justificam a obesidade infantil estão relacionadas à prática de comer mais do que se gasta. Apesar de haver casos ocasionados por fatores como distúrbios ou transtornos, eles acabam desencadeando o aumento da fome ou da vontade de comer.
O nutrólogo Carlos Alberto Nogueira explicou que há diversas razões que podem desengatilhar o aumento da fome em crianças e adolescentes, como efeitos colaterais de medicamentos, questões genéticas, psicológicas e até mesmo o comportamento dos pais. E alguns boicotes acontecem muitas vezes sem os pais perceberem:
— A competição entre mãe e filha é algo muito mais comum do que se imagina. Quando a adolescente começa a crescer, sua beleza começa a aflorar. E isso normalmente ocorre ao mesmo tempo em que a mãe vai percebendo os sinais da idade. Isso acaba fazendo com que a ela se sinta boicotada pela filha, e estimule cada vez mais sua alimentação errada.
Nogueira explica que os nutrólogos ou pediatras precisam diagnosticar se há algum problema na família antes de tentar recomendar alguma mudança alimentar à criança.
— Há também os casos em que os pais (homens) são responsáveis pelo boicote da dieta: às vezes, eles percebem que estão perdendo o filho, que está crescendo e tendo outras prioridades. Então, tentam reconquistá-los com comida.
Pais ausentes não ficam de fora: muitos que viajam por muito tempo acabam trazendo aos filhos alimentos diferentes para compensar a ausência:
— A comida nunca deve ser usada como recompensa, isso faz com que ela perca o sentido. Comer deve ser sinônimo de fome.
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Quando a causa é secundária, é ela que vai precisar ser tratada. Por isso, antes de prescrever uma dieta aos pacientes, é preciso entender o que se passa na vida deles. Nogueira explica:
— De nada adianta prescrever uma dieta se a fome for estimulada por uma causa secundária. A criança vai continuar com fome e, por consequência, vai continuar comendo muito. Por isso, é preciso identificar e tratar a causa, para que a fome diminua e o paciente possa voltar ao ritmo normal de vida.
Na maioria das vezes, é o sedentarismo e a má-alimentação que causam o ganho excessivo de peso. E, de acordo com o pediatra, esses hábitos estão diretamente ligados ao dia-a-dia da família:
— Se os pais comem alimentos não saudáveis, os filhos naturalmente vão se alimentar da mesma forma. Por isso, orientar crianças apenas com palavras é em vão. Os pais precisam se enquadrar na reeducação alimentar, evitando que alimentos gordurosos, frituras e embutidos estejam disponíveis na dispensa da casa.
Exercícios físicos
O especialista explicou que, para uma criança conseguir efetivamente perder peso, deve fazer no mínimo 1h30 de exercícios físicos em intensidade moderada por dia. Por isso, é importante que a família incentive a prática de esportes — que acaba se tornando uma atividade prazerosa.
— Há famílias que chegam no consultório dizendo que não entendem o motivo pelo qual a criança está engordando se mantém uma alimentação saudável. No entanto, as atividades físicas não fazem parte do dia-a-dia dela.
Por: Talyta Vespa