Especialistas do Brasil estão em alerta após o primeiro caso de picada de peixe-leão em um humano fora de aquários no país. O pescador cearense Francisco Mauro da Costa Albuquerque, de 24 anos, precisou ser hospitalizado duas vezes depois de pisar em um animal desses no mar. Sete dos 18 espinhos do peixe-leão atingiram um pé do pescador. A dor que irradiava para a perna foi o sintoma mais marcante relatado por ele, mas não parou por aí. Três dias após o acidente, Francisco teve febre e convulsões e precisou ser internado novamente. Hoje, ele se recupera bem em casa. Segundo o professor Marcelo Soares, do Labomar (Instituto de Ciências do Mar) da UFC (Universidade Federal do Ceará), a quantidade de veneno no pescador foi, possivelmente, maior do que normalmente se registra. "Isso [sete espinhos] levou a uma inoculação múltipla de veneno no corpo dele e que realmente deu um efeito mais forte do que é comum na literatura", afirmou em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record TV. De acordo com a organização não governamental estadunidense NCPC (National Capital Poison Center), os envenenamentos por picada de peixe-leão apresentam sintomas em poucos minutos, que incluem: inchaço, sensibilidade, pele quente ao redor do local da picada, vermelhidão, sudorese, fraqueza muscular e sensação de formigamento. Também é preciso certificar-se de que a pessoa está com a vacinação contra tétano em dia. Todavia, o que aconteceu com Francisco também é ressaltado pela instituição. "Uma picada de peixe-leão envolvendo vários espinhos aumenta o risco de infecção e sintomas em todo o corpo, como alterações na frequência cardíaca, dor abdominal, sudorese e desmaios. Mortes por picadas de peixe-leão são raras. Os sintomas podem durar de oito horas a 30 dias, dependendo da gravidade da picada." A principal recomendação de especialistas envolve lavar ou deixar a área picada de molho em água quente, em uma temperatura que não queime a pele da pessoa – água do chuveiro também pode ser usada. O calor ajuda a decompor as proteínas do veneno do peixe-leão. Consequentemente, aliviará a dor e diminuirá a eficácia da substância. A remoção dos espinhos deve ser feita cuidadosamente, tentando-se não apertar as glândulas de veneno. Se não houver condições de fazer isso de maneira segura, o ideal é procurar um serviço médico. Também é recomendado ir ao médico se houver fortes dores musculares ou cãibras, dor persistente no local da picada (que não alivia com o uso de analgésicos convencionais), tontura, febre, vermelhidão em expansão, inchaço, pus e paralisia. Embora sejam raras as mortes pelo envenenamento por peixe-leão, pessoas com histórico de alergia severa podem sofrer choque anafilático. Existem ainda relatos de desmaios e até parada cardíaca em casos mais severos. Outro risco associado é a capacidade do veneno de causar necrose (morte de tecidos), que pode se espalhar por áreas próximas à picada. Somente no litoral do Ceará, onde aconteceu o caso de Francisco, já foram capturados mais de 30 peixes-leões. Esses animais já teriam sido vistos, inclusive, próximo à praia de Jericoacoara, um dos locais turísticos mais visitados do Brasil. Especialistas acreditam que a ausência de predadores naturais e a rápida capacidade de reprodução devem fazer com que essa espécie alcance em breve outras praias do Nordeste. O peixe-leão costuma ficar em áreas mais rochosas, tornando parte do litoral nordestino um ambiente propício. Após o acidente, pescadores da região agora estão usando calçados em gaiolas marinhas para evitar serem vítimas.