Pós-pandemia: 45% das mulheres mostram algum tipo de transtorno mental
Pesquisa foi feita com 1.078 mulheres entre 18 e 65 anos no país
Saúde|Da Agência Brasil
O relatório "Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres", desenvolvido pela ONG (organização não governamental) Think Olga, revela que 45% das mulheres brasileiras têm diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros tipos de transtorno mental no contexto pós-pandemia de Covid-19. A ansiedade, transtorno mais comum no Brasil, faz parte do dia a dia de seis de cada dez mulheres brasileiras. A pesquisa foi realizada com 1.078 mulheres, entre 18 e 65 anos, em todos os estados do país, entre 12 e 26 de maio deste ano. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, e o intervalo de confiança é de 95%.
“O relatório não surpreende, porque são dados que já sabíamos que aconteciam, ou seja, as mulheres estão cansadas e sobrecarregadas. Quase metade da população feminina tem algum transtorno mental e conta com muito pouco acesso a cuidados específicos. A maioria diz que, como ferramentas para conseguir lidar com essa questão, tem a atividade física ou a religião. Tem insatisfação com diversas áreas da vida. A questão financeira é a que mais preocupa, e a dupla ou tripla jornada é o segundo maior fator de pressão sobre a psique feminina”, disse Maíra Liguori, diretora da Think Olga.
Com a proposta de entender as estruturas que impõem sofrimento às brasileiras na atualidade, o relatório reúne dados que demonstram desde a sobrecarga de trabalho e a insegurança financeira até o esgotamento mental e físico causado pela economia do cuidado, que enquadra todas as atividades relacionadas ao zelo com a casa e com a produção e a manutenção da vida.
A situação financeira e a capacidade de conciliar os diferentes aspectos da vida têm as menores notas de satisfação entre as entrevistadas. Em uma classificação de 1 a 10, a vida financeira recebeu a classificação 1,4, já para a capacidade de conciliação das diferentes áreas da vida, a nota ficou em 2,2. A situação financeira apertada atinge 48% das entrevistadas, e a insatisfação com a remuneração baixa alcança 32% delas. Cinquenta e nove por cento das mulheres das classes D e E estão insatisfeitas com sua situação financeira. Essa insatisfação atinge 54% de pretas e pardas.
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As mulheres são as únicas ou as principais provedoras em 38% dos lares. Essas mulheres são, em sua maior parte, negras, da classe D e E e com mais de 55 anos. Somente 11% das entrevistadas dizem não contribuir financeiramente para a manutenção de suas famílias.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio realizada em 2022, as mulheres gastam 21,4 horas da semana em tarefas domésticas e de cuidado, os homens dispendem 11 horas. Já o relatório "Esgotadas" mostrou que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada excessiva de trabalho foram a segunda causa de descontentamento mais apontada, atrás apenas de preocupações financeiras. O trabalho de cuidado sobrecarrega principalmente as mulheres de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém) e pretas e pardas (50% cuidam de alguém).
Oitenta e seis por cento das mulheres consideram ter muita carga de responsabilidade. A insatisfação entre mães solo e cuidadoras é muito superior em relação àquelas que não têm esse tipo de responsabilidade. As cuidadoras e mães solo também são as mais sobrecarregadas com as tarefas domésticas e de cuidado, com 51% das mães e 49% das cuidadoras apontando a situação financeira restrita como o maior impacto na saúde mental. Isso quer dizer que a sobrecarga de cuidado também é um fator de empobrecimento das mulheres ou “feminização da pobreza”, segundo o relatório.
Entre as entrevistadas mais jovens, 26% declararam que os padrões de beleza impostos impactam negativamente a saúde mental. Já o medo de sofrer violência é citado por 16% das entrevistadas.
Para 91% das entrevistadas, a saúde emocional deve ser levada muito a sério, e 76% estão buscando prestar atenção à saúde mental, principalmente após a pandemia de Covid-19. Só 11% afirmam que não cuidam da sua saúde emocional de nenhuma forma.
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“É necessário que comecemos a entender o impacto do trabalho de cuidado e suas consequências, além de partirmos de discussões que desestigmatizem tabus sobre a saúde mental. É essencial incentivar ações do setor privado, da sociedade civil e, principalmente, do setor público para um futuro viável para as mulheres”, afirmou, em nota, Nana Lima, codiretora da Think Olga.
Veja sete dicas que podem ajudá-lo no combate à ansiedade:
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