Reforço da vacina é necessário, mesmo após infecção com Ômicron
Receber mais uma dose do imunizante contra a Covid-19 é importante para prevenção de futuras variantes que podem surgir
Saúde|Carla Canteras, do R7
Todo mundo conhece alguém que está com Covid-19 ou que há pouco tempo se recuperou da doença. Pode até ser que você que está lendo está ou esteve infectado recentemente. O Brasil vive mais uma onda de novos casos e, de acordo com o ministro Marcelo Queiroga, a variante Ômicron, que é mais transmissível que as outras cepas, é predominante no país.
Algumas pessoas que tiveram os testes positivos estavam à espera da dose de reforço da vacina. É importante saber que, mesmo após a infecção, receber o imunizante segue sendo necessário e importante.
A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações), explica que o complemento do esquema vacinal não é condicionado à variante Ômicron e sim ao controle da pandemia.
"Estamos vendo que tanto pessoas vacinadas ou que já contraíram a doença podem ser reinfectadas novamente. Nós não sabemos no futuro se vamos ter novas variantes e qual vai ser o comportamento delas. Portanto, as pessoas devem manter o calendário de vacinação atualizado. Quem não completou o esquema vacinal com a segunda dose tem de completar. Quem já tem o intervalo entre a segunda e a dose de reforço deve tomar vacina", observa a epidemiologista.
E ressalta: "Todo mundo tem que completar o esquema vacinal, com duas doses e o reforço. independentemente se já teve ou não a doença".
Quanto tempo depois da contaminação deve ser feito o reforço?
No caso de contaminação antes da aplicação do reforço, a indicação dos especialistas segue a mesma dada a pacientes infectados no intervalo entre a primeira e a segunda doses. Após 30 dias do desaparecimento dos sintomas, o indivíduo está apto para ser imunizado novamente.
"Temos que esperar o organismo se recuperar, por mais que seja uma Covid leve, o organismo está debilitado. Além disso, nesse período de 30 dias a pessoa ainda tem os anticorpos elevados por causa da doença, então não faz muito sentido tomar nesse período", diz Carla.
O infectologista José David Urbaez Brito, da SBI-DF (Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal), acrescenta que a dose não vai fazer mal, mas pode ter o efeito reduzido.
"A vacina não vai fazer mal, mas o paciente corre o risco de perder algum efeito. Quando estamos doentes, temos muitas reações inflamatórias e substâncias produzidas pelo organismo para combater o vírus. Aí injetamos a vacina nesse momento, tudo isso pode desativar o imunizante", explica ele.
Criança pode ser vacinada após pegar Covid?
A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos está prevista para a próxima semana. Nos últimos dias algumas cidades registraram o aumento de casos de Covid entre os pequenos e vem a dúvida se tem de vacinar ou não. A epidemiologista ressalta que sim.
"Para as crianças valem as mesmas regras que para os adultos, 30 dias após o desaparecimento dos sintomas, os pais ou responsáveis devem levar as crianças para vacinar", ressalta Carla Domingues.
A especialista alerta, porém, que os pais precisam ter uma atenção especial após a aplicação da primeira dose. Como o Ministério da Saúde decidiu que o intervalo entre as doses das crianças deve ser de dois meses, em vez de 21 dias conforme indica a bula do imunizante pediátrico da Pfizer, pode acontecer a contaminação no período entre doses.
"Como o Ministério da Saúde escolheu vacinar crianças com o intervalo de dois meses, com essa onda forte da Ômicron que estamos passando, vamos correr o risco de termos crianças infectadas no intervalo das doses. Então, a decisão é esperar 30 dias após o desaparecimento dos sintomas. Se já deram os dois meses, vacina. Se não deram os dois meses, espera completar o período e vacina", conclui Carla.