Sai caro ser vegano? O que você precisa saber antes de se tornar um
Cortar proteína de origem animal de maneira abrupta pode trazer prejuízos à saúde; especialistas explicam quem pode virar vegano e como fazer transição
Saúde|Fernando Mellis, do R7
Deixar de comer qualquer alimento de origem animal é uma escolha que requer racionalidade, segundo médicos especialistas no assunto.
Se feita sem acompanhamento e de maneira abrupta, a dieta vegana pode trazer problemas de saúde.
Ao cortar proteínas de origem animal, a pessoa vai ter menos ferro, vitamina B12, zinco e selênio no organismo.
Por isso, o veganismo não é recomendado de forma universal, explica o médico nutrólogo Daniel Magnoni, do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo.
"Não é qualquer um que pode se tornar vegano, existem limites. Pessoas com mais de 80 anos, grávidas, pessoas com câncer e crianças não deveriam."
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A falta dos nutrientes presentes em uma dieta que inclua alguma proteína animal, mesmo que leite e derivados ou ovos, pode provocar anemia, fraqueza, déficit de crescimento, dificuldade de ganhar massa muscular, queda da imunidade, entre outros problemas.
"Tem de ser muito informado e com poder aquisitivo que permita comprar o que é mais importante. Além disso, a pessoa vai precisar de acompanhamento médico frequente, para saber se há deficiência decorrente da falta de proteína."
Alimentos veganos são geralmente mais caros e difíceis de encontrar, por isso a necessidade de ter um orçamento doméstico que comporte uma dieta equilibrada.
Diferentemente dos vegetarianos, que incluem na dieta ovos, leite e derivados, os veganos são restritos: nenhum tipo de alimento de origem animal é permitido. Comem basicamente cogumelos, leites de grãos, cereais, frutas, legumes e vegetais.
Mas o que fazer se você realmente decidir virar vegano?
A principal recomendação para quem deseja se tornar vegano é uma transição.
Segundo o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), a primeira etapa é adotar uma dieta vegetariana.
"O vegano estrito não ingere ovos e laticínios, portanto, nenhuma proteína de origem animal. Essas são proteínas de alto valor biológico, com grande quantidade de aminoácidos. O ideal seria, se a pessoa puder, começar inicialmente pelo vegetarianismo, pois há um período de adaptação do organismo."
Ribas Filho ressalta que o acompanhamento de um especialista é fundamental, principalmente no processo de transição.
"O veganismo é um modo de vida, uma filosofia. Inclusive, alguns estudos em nutrologia mostram que se essas pessoas tiverem monitoramento médico para reter essas vitaminas e minerais, podem ter até uma sobrevida menor, menos doenças cardiovasculares."
Quando as pessoas opam por mudanças, seja para o vegetarianismo, veganismo ou para uma dieta macrobiótica, por exemplo, existe uma preocupação maior com o que se está ingerindo.
"Esse é o segredo: refletir sobre os alimentos que consomem todos os dias. Com isso, você tem uma nutrição mais balanceada."
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