Saúde Saiba como prevenir o risco de crianças e adolescentes com 'jogos perigosos'

Saiba como prevenir o risco de crianças e adolescentes com 'jogos perigosos'

Caso recente do menino de 10 anos que morreu após participar do 'desafio do desodorante' acende alerta para os prejuízos do meio digital à saúde mental ou física das crianças

Agência Estado

Resumindo a Notícia

  • 'Jogos perigosos' trazem risco à vida de crianças e adolescentes
  • Meio digital pode acarretar prejuízos à saúde física e mental desta faixa etária
  • Caso do menino de dez anos que morreu após realizar o 'desafio do desodorante' acende alerta
  • OMS já considera alguns jogos perigosos como um distúrbio comportamental
Alguns jogos online perigosos são classificados de distúrbio comportamental

Alguns jogos online perigosos são classificados de distúrbio comportamental

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Desde 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) tem considerado os "jogos perigosos" (hazardous games, em inglês) um distúrbio comportamental listado na CID (Classificação Internacional de Doenças). Os recentes "desafio Momo" ou "desafio do desodorante", que causou a morte de um menino mineiro de 10 anos na última quinta-feira (25), fazem parte desse tipo de "brincadeira" que põe em risco a segurança e a vida de crianças e adolescentes.

Os "jogos perigosos" são definidos pela OMS como "um padrão de jogatina, online ou offline, que aumenta sensivelmente o risco de consequências prejudiciais à saúde mental ou física" de um indivíduo.

O perigo pode se manifestar tanto pelo excesso de tempo gasto com a "brincadeira" quanto pelos "comportamentos e consequências de risco" associados diretamente às regras do jogo. No caso do "desafio do desodorante", por exemplo, os participantes são incentivados a inalar aerossóis impróprios para o consumo humano.

Dados do Instituto Dimicuida mostram que pelo menos 27 crianças e adolescentes morreram no Brasil até o ano passado ao tentarem algum dos "jogos perigosos". Mas como pais e responsáveis podem prevenir o risco desses desafios entre crianças e adolescentes quando a presença online se faz mais obrigatória a cada dia?

"Proibir o acesso à internet não adianta e, assim, não chegamos a lugar nenhum. É preciso alertar as crianças da mesma maneira que você ensina a prestar atenção ao atravessar a rua, por exemplo", aponta a pediatra Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo de trabalho Saúde Digital, da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

E acrescenta: "A internet é um local público, e as pessoas podem colocar qualquer coisa lá. Deixar uma criança sozinha com o celular ou o computador é como largá-la no meio do parque Ibirapuera e esperar que nada aconteça".

Psicóloga e colunista do Estadão, Rosely Sayão explica que é importante diferenciar a vigilância entre crianças e adolescentes, que demandam um monitoramento mais "discreto".

"O ideal é fazer um trato de que eles vão usar o celular e as redes sociais, mas cientes de que os pais depois vão ver o que foi feito", ressalta Rosely. "Essa atitude já é um controle e pode fazer com que eles evitem algumas coisas."

Rosely frisa ainda que, acima de tudo, é importante que os pais não confiem nos filhos. "Tanto a criança quanto o adolescente vão agir de acordo com a idade que têm e desobedecer, se rebelar etc.", aponta. "É o contrário que precisa acontecer: os filhos é que precisam confiar nos pais, para dividirem as dúvidas com eles."

Abaixo, confira algumas dicas de como pais e responsáveis podem abordar esse problema e se prevenir contra os "jogos perigosos":

- Alerte as crianças e adolescentes sobre os desafios que existem e por que eles são perigosos.

- Converse com eles e alerte sobre a pressão social dos amigos e como não se deixar levar.

- Nunca deixe a criança ou o adolescente sozinhos e trancados no quarto jogando videogames online.

- Procure saber e conhecer quem está do outro lado da tela.

- Fique atento ao conteúdo disseminado pelos jogos.

- Estabeleça horários e regras para o uso da internet.

- Se necessário, espelhe o conteúdo do celular em uma TV.

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