Ciclones: entenda a formação desse fenômeno da natureza
Mais de 1 milhão de pessoas fossem retiradas de suas casas na Índia antes da chegada do Yaas na costa leste do país
Tecnologia e Ciência|João Melo, Do R7*
O ciclone Yaas chegou à costa leste da Índia na quarta-feira (26) e causou danos em residências e mortes por onde passou. Nos últimos dias, as autoridades indianas retiraram mais de 1 milhão de pessoas das casas da região que estavam ameaçadas pelo fenômeno natural
De acordo com o Reinaldo Haas, professor de meteorologia da UFSC (Universidade federal de Santa Catarina), a previsão é de que o fenômeno que atinge a costa leste indiana neste momento será muito intenso, mas não por conta da velocidade dos ventos.
“Esse ciclone será caracterizado por muita chuva, entre 300 e 400 milímetros, o que é considerada uma quantidade muito alta. Então a destruição ocasionada pela sua passagem vai acontecer devido as tempestades”, destaca o especialista.
No dia 17 de maio, o ciclone Tauktae causou estragos na costa oeste da Índia e deixou pelo menos 155 mortos.
Ciclones, furacões e tornados
O meteorologista explica que o ciclone também pode ser chamado de tufão ou ciclone tropical, uma vez que ele se forma em uma região próxima aos trópicos e em regiões muito quentes do oceano. Outra característica destes fenômenos é que sempre giram no sentido contrário da Terra.
Além de tropicais, os ciclones podem também ser denominados extratropicais, quando se formam fora dos trópicos e têm como centro de formação regiões consideradas mais frias. Nesses casos, são de menor duração e menos intensos do que um ciclone tropical. Os fenômenos extratropicais giram sempre no mesmo sentido de rotação do planeta.
Outra definição de ciclones são os tornados. Eles possuem dimensões mínimas, alguns metros de extensão e são de curta duração. Mas, segundo Reinaldo, são muito intensos e seus ventos podem atingir até 500 km/h.
formação de ciclones e tornados
A formação dos ciclones tropicais e extratropicais e dos tornados acontecem devido a um mesmo processo.
“O ciclone se forma por condições atmosféricas que precisam ser favoráveis ao início da circulação dos ventos em torno de um centro de rotação. Em geral, isso se dá por conta do aprofundamento de um centro de baixa pressão atmosférica na superfície terrestre”, afirmou Ricardo Hallak, professor do departamento de Ciências Atmosféricas do IAG - USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas).
O professor da USP destaca que as regiões do planeta mais propensas a gerarem tempestades tropicais são as banhadas pelo Oceano Atlântico, como a região entre o continente africano e os Estados Unidos. As regiões sul e o sudeste da Ásia também apresentam condições favoráveis para a formação desse tipo de fenômeno.
Isso acontece porque nestes locais a temperatura da água do mar é mais elevada, o que faz com que o ar quente e úmido suba para altas camadas da atmosfera no mesmo momento em que o ar frio e seco desce para a superfície, causando a redução da pressão atmosférica e fornecendo as condições ideais para a formação dos fenômenos tropicais.
A escolha do nome dos fenômenos
Os nomes dos ciclones tropicais seguem sempre uma lista emitida pela Organização Meteorológica Mundial antes do início da temporada destes eventos, e que vale para um ano inteiro. Esses nomes são utilizados em fenômenos que acontecem nas Américas Central e do Norte, na África e na Ásia.
“Para este ano há uma lista com pelo menos 20 nomes pré-estabelecidos, todos organizados em ordem alfabética e intercalando nomes masculinos e femininos”, destacou o docente do IAG - USP. Ele completa afirmando que os ciclones extratropicais só são nomeados especificamente quando são muito intensos.
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“No caso do Brasil, a Marinha é responsável pela nomeação dos furacões e dos ciclones extratropicais, que se reúne com autoridades uruguaias e argentinas para dar nome a estes fenômenos. Normalmente são nomes indígenas", ressalta o meteorologista da UFSC.
O Brasil é atingido por ciclones extratropicais ao longo do ano inteiro, mas sempre acontecendo em intensidades de chuva e vento muito mais baixas do que as observadas em furacões.
O país foi atingido por apenas um furacão, o Catarina, desde que a Marinha começou a registrar estes fenômenos. No ano de 2004, os ventos fortes atingiram os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, deixando mais de 900 casas destruídas e causando 4 mortes.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Pablo Marques