Tecnologia e Ciência Concentração de gases do efeito estufa na atmosfera bateu recorde em 2022, alerta ONU

Concentração de gases do efeito estufa na atmosfera bateu recorde em 2022, alerta ONU

Segundo boletim climático, aumento dos níveis continua em 2023 e eleva preocupações climáticas

AFP

A concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, responsável pela mudança climática, bateu recorde em 2022, em uma tendência de alta que não parece se alterar, alertou a ONU nesta quarta-feira (15).

No ano passado, as concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO₂), o principal gás do efeito estufa, ultrapassaram pela primeira vez em 50% os valores pré-industriais.

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Os níveis continuaram aumentando em 2023, segundo o boletim anual de gases do efeito estufa da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado a duas semanas da grande reunião anual da ONU sobre o clima, a COP 28, que acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai.

As concentrações de metano e os níveis de óxido de nitrogênio também registraram recordes em 2022, com a mais expressiva alta anual já observada.

Queimadas contribuem para o aumento das consequências do efeito estufa

Queimadas contribuem para o aumento das consequências do efeito estufa

Rogerio FLORENTINO / AFP - 13.11.2023

"Apesar de décadas de advertências por parte da comunidade científica (...) seguimos no caminho errado", afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

A meta do Acordo de Paris de 2015 é limitar o aumento da temperatura do planeta a menos de 2°C na comparação com o período pré-industrial, e a 1,5°C, se possível.

Segundo um relatório anterior da ONU, a temperatura média do planeta em 2022 já estava 1,15°C superior ao nível da época pré-industrial.

Simon MALFATTO, Laurence SAUBADU, Sabrina BLANCHARD, Maria-Cecilia REZENDE, Gabriela VAZ, Maxence D'AVERSA / AFP

"O atual nível de concentração de gases do efeito estufa nos leva a um aumento das temperaturas bem superior às metas do Acordo de Paris até o fim do século", advertiu Taalas. 

"As condições meteorológicas se tornarão mais extremas: calor intenso e tempestades fortes, derretimento das geleiras, elevação do nível do mar e aquecimento e acidificação dos oceanos. Dessa maneira, nós vamos observar um aumento expressivo dos custos socioeconômicos e para o meio ambiente", acrescentou o secretário-geral da OMM.

"Não existe varinha mágica"

Em 2022, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera foi de 417,9 partes por milhão (ppm); a de metano, de 1.923 partes por bilhão (ppb); e a de óxido nitroso, de 335,8 ppb, equivalentes a 150%, 264% e 124%, respectivamente, dos níveis registrados no ano de 1750. 

Responsável por quase 64% do efeito do aquecimento global, o dióxido de carbono procede, principalmente, da queima de materiais fósseis e da produção de cimento, segundo a OMM.

Com o prosseguimento das emissões, o CO₂ continuará sendo acumulado na atmosfera e gerando o aumento da temperatura global.

Levando-se em consideração a vida útil do CO₂, o aquecimento já observado persistirá durante várias décadas, mesmo que as emissões líquidas sejam rapidamente reduzidas a zero.

"Não existe uma varinha mágica para eliminar o excesso de dióxido de carbono da atmosfera", ressaltou Taalas, que considera "urgente reduzir o consumo de combustíveis fósseis". 

O metano, que contribui em 16% para o aquecimento global, é um gás poderoso do efeito estufa que permanece na atmosfera por quase dez anos. 

A taxa de crescimento no ano passado foi levemente inferior à taxa recorde observada entre 2020 e 2021, ao mesmo tempo em que foi significativamente superior à taxa de crescimento anual média da década anterior. 

A taxa de aumento do ano passado do óxido nitroso, responsável por quase 7% do aquecimento, "nunca foi tão elevada nos tempos modernos". 

Chamas, calor extremo e enchentes assolam 2023, que caminha para se tornar o ano mais quente da história

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