Estudo chocante revela que 'ilha de lixo' maior que o Amazonas agora tem um ecossistema próprio
A Grande Mancha de Lixo do Pacífico flutua de forma permanente na costa oeste dos EUA e pode pesar mais de 80 mil toneladas
Tecnologia e Ciência|Matheus Borges*, do R7
![Porção gigante de lixo desenvolveu um ecossistema próprio](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/KXBGY7QHX5N7HGQKX6MICRP6QU.jpg?auth=653a3e6fe824f2eb164f23108a7be189d1c366630a5875127ce69918c83a3b13&width=927&height=609)
Cientistas descobriram que uma comunidade de animais invertebrados, como caranguejos e anêmonas, está se desenvolvendo em um aglomerado de lixo de mais de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, que flutua permanentemente no Oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí.
Em estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, nesta segunda-feira (17), revelou que a comunidade prospera há anos em meio aos resíduos plásticos conhecidos como Grande Mancha de Lixo do Pacífico.
Os pesquisadores afirmaram que as descobertas sugerem que a poluição no oceano pode estar contribuindo para a criação de novos ecossistemas flutuantes, onde espécies que normalmente não seriam capazes de sobreviver em mar aberto acabam por prosperar.
Os estudiosos examinaram 105 itens de plástico, e encontraram 484 organismos invertebrados marinhos, representando 46 espécies diferentes, das quais 80% eram normalmente encontradas em habitats costeiros.
![Diversos componentes de plástico têm um ecossistema próprio](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/FW434ABYR5PCJKXAVHHBQXOVEM.jpg?auth=0fa25e6a3893b39255fc049081f9d89e2b38362b7cd25698d82a47137cb82aea&width=771&height=419)
Linsey Haram, cientista do Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura, pesquisadora da Universidade da Georgia e principal autora do estudo, disse em entrevista à CNN que foi surpreendente ver a frequência das espécies costeiras, presentes em 70% dos detritos encontrados.
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“Uma grande porcentagem da diversidade que encontramos eram espécies costeiras e não as espécies pelágicas nativas do oceano aberto que esperávamos encontrar”, completou a pesquisadora.
Haram disse que as consequências da introdução de novas espécies nas áreas remotas do oceano ainda não são totalmente compreendidas e nem como esses animais chegaram em um local tão distante da costa.
Além disso o funcionamento do novo ecossistema também permanece um mistério. Ela alega que as espécies estão competindo por espaço e muito provavelmente devorando umas as outras.
A Grande Mancha de Lixo do Pacífico
A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é a maior acumulação de plástico oceânico do mundo, maior que o Amazonas e quase sete vezes a área do estado de São Paulo. Ela foi formada devido às correntes marinhas que passam na região, que criaram um vórtice de lixo gigantesco.
Matthias Egger, chefe de assuntos ambientais e sociais da The Ocean Cleanup, afirmou que o aglomerado não é tão denso quanto se pensa, mas sim que os pedaços de plástico estão espalhados entre si, como estrelas no céu.
![A Grande Mancha de Lixo do Pacífico possui a área de sete estados de São Paulo](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/MBSCW3FXNNKJRLKAPRYHT5F6XA.jpg?auth=aa854472527606276bf6cff9771ac9986b42ce3c1e223fc8eb528149a317e520&width=1500&height=1002)
“Se você está lá fora, o que vê é apenas um grande oceano azul normal", completou o cientista que ajudou na pesquisa de Haram.
Estima-se que existam cerca de 1,8 trilhão de pedaços de plástico na mancha, que pesam cerca de 80 mil toneladas. A maior parte do lixo encontrado na mancha vem da indústria pesqueira, enquanto entre 10% e 20% do volume total são destroços do tsunami japonês de 2011.
Em 2017, um movimento liderado por organizações de defesa ambiental, tentou tornar a Grande Porção de Lixo do Pacífico um país oficial, que seria chamado Trash Isles (Ilhas de Lixo). A ONG Plastic Oceans Foundation chegou a apresentar inscrição na ONU, e cerca de 100 mil pessoas se inscreveram para ser cidadãos oficiais, mas a ideia não saiu do papel.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Filipe Siqueira
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