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Tecnologia e Ciência

Estudo detalha técnicas assustadoras de baratas para escapar de inseticidas

Por causa de iscas mortais, os insetos passaram a ter aversão a glicose, fundamental no processo de reprodução. Mas a natureza encontrou um jeito

Tecnologia e Ciência|Filipe Siqueira, do R7

Existem baratas que não gostam de açúcar por causa de iscas mortais
Existem baratas que não gostam de açúcar por causa de iscas mortais

Baratas são uma das pragas mais resistentes enfrentadas pela humanidade. Qualquer medida para contê-las geralmente é infrutífera ou causa mais danos do que benefícios. Em outros casos, esses insetos resistentes simplesmente se adaptam a certos tipos de veneno e ficam ainda mais fortes.

Um estudo — liderado por Ayako Wada-Katsumata, do Departamento de Entomologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte — revelou que baratas conseguiram se adaptar ao uso de iscas que misturam inseticidas com glicose, artifício bastante comum para controlar grandes infestações do inseto. A glicose atrai a barata, e o inseticida o mata.

A técnica é usada desde meados da década de 1980, mas recentemente especialistas começaram a encontrar baratas que não apenas resistem à tentação de comer a isca, como desenvolveram aversão à glicose.

Praga difícil

Blattella germanica (conhecida como barata-alemã) é uma espécie de barata perfeitamente adaptada para viver em ambientes humanos. Para se acasalar, um macho atrai a fêmea com uma pasta à base de glicose, que ela degusta enquanto o macho fixa um gancho peniano em seu corpo, um movimento que dura cerca de quatro segundos.


A fixação é fundamental para os dois se manterem na mesma posição por cerca de 90 minutos, tempo necessário para ele transferir o esperma que gerará montes de baratinhas.

Mas cientistas começaram a notar que algumas fêmeas passaram a ter aversão ao presente açucarado dos machos e especularam que pode ter sido uma reação ao uso desenfreado de iscas com glicose.


Enquanto rejeitar a glicose deu uma vantagem temporária contra humanos, criou um problema de acasalamento. Assim que o macho oferece a pasta química, a fêmea sai da posição necessária para ser fertilizada, o que reduziria drasticamente as populações de baratas.

Mas aí entra a capacidade de adaptação do inseto! O novo estudo, publicado no fim de março no periódico Proceedings of the Royal Society B, mostrou que as baratas caseiras começaram a se adaptar de duas formas para lidar com as mudanças.


Ao invés de glicose, a pasta química agora é rica em maltotriose, outro composto igualmente doce, mas que não causa repulsão nas fêmeas e ainda não está presente nas iscas. Além disso, os machos passaram a levar menos tempo para a fixação do gancho: em vez de quatro segundos, eles agora conseguem numa média de três segundos.

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A rápida adaptação das baratas a uma ameaça devastadora mostrou que humanos vão precisar de muita esperteza para produzir novas iscas e inseticidas, enquanto contemplam a natureza se esgueirar novamente.

LEIA ABAIXO: Por que baratas gostam tanto de entrar em computadores?

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