Falta de sono da população pode afetar a economia
Pesquisa feita por instituto europeu mostra que efeitos da falta de sono podem custar centenas de bilhões de dólares
Tecnologia e Ciência|Do R7
Dormir pouco pode causar um profundo impacto não apenas na saúde das pessoas, como também na economia dos países onde elas moram. É o que mostra o resultado de uma pesquisa realizada pelo instituto RAND Europe, que calculou o prejuízo que a falta de sono causa à produtividade e eficiência dos trabalhadores.
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O estudo analisou dados de cinco países onde as pessoas relataram dormir menos horas por dia do que o indicado pela medicina (de 7 a 9 horas por dia). No Japão, 16% afirmaram que dormem menos de 6 horas por dia e 40% dormem entre 6 e 7. Em seguida, vêm os EUA, com 18% e 27%, respectivamente, o Reino Unido, com 16% e 19%, a Alemanha, com 9% e 21% e o Canadá, com 6% e 20%.
O custo econômico da falta de sono pode chegar às centenas de bilhões de dólares por ano, segundo o estudo da RAND. A pesquisa estimou que os EUA têm perdas anuais de US$ 411 bihões (cerca de R$ 2,3 trilhões), o Japão de US$ 138 bilhões (R$ 787 bilhões), a Alemanha de US$ 60 bilhões (cerca de R$ 342 bilhões), o Reino Unido de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 285 bilhões) e o Canadá, de US$ 21,4 bilhões (R$ 122 bilhões).
Segundo o chefe de pesquisa da RAND, Marco Hafner, esse prejuízo acontece por diversos motivos. "Pessoas que não dormem bem são mais propensas a faltar no trabalho por questões de saúde. E, quando elas vão, tendem a ser menos produtivas do que seus colegas, o que pode sobrecarregá-los e afetar diretamente o resultado financeiro das empresas", explicou ele em uma entrevista à emissora CGTN.
A longo prazo, os problemas causados pela falta de sono podem resultar em gastos maiores no sistema de saúde, o que também pode impactar a economia do país. Muitos acidentes de trânsito também acontecem quando os motoristas estão fatigados. Um órgão do governo britânico estima que 20% dos acidentes e quase 25% dos graves/fatais envolvem pessoas com sinais de cansaço.
Brasileiros dormem relativamente bem
O Brasil, por outro lado, está em 14º lugar em uma lista dos países onde as pessoas têm as maiores médias de horas dormidas por noite, feita em 2016, com 7 horas e 34 minutos. A lista é encabeçada pela Holanda (8h5min), Nova Zelândia (8h4min), França (8h3min )e Austrália (8h1min).
"Se você tem um emprego que te exige muito, causa stress, tem horário de trabalho longo e isso faz com que você se sinta obrigado a checar seus e-mails de trabalho logo antes de dormir, isso traz consequências negativas para um bom sono à noite', ressalta Hafner.
Outra questão, segundo ele, são os longos percursos de ida e volta para o trabalho. "Se você leva muito tempo, isso tem um efeito negativo no seu sono. Primeiro, porque você precisa acordar muito cedo para trabalhar e na volta, com todas as atividades que ainda precisa fazer em casa, atrasa a hora de dormir", diz o pesquisador.
Há outros fatores que podem ser evitados, explica Hafner, como a ideia de que um copo de vinho ou outra bebida alcoólica antes de deitar, que não é corroborado por pesquisa. Além disso, a luz azul emitidas pelos monitores de computadores e telas de celulares afetam a produção de melatonina, o hormônio do sono, então o ideal é ficar um tempo sem telas.