Protesto raro do setor tecnológico chinês contra horas extras viraliza
Movimento mira a cultura de trabalho "996" da indústria, que diz respeito a um horário de trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana
Tecnologia e Ciência|Do R7
Trabalhadores do setor de tecnologia chinês lançaram um protesto na internet contra as horas extras massacrantes em algumas empresas, em uma rara reação à cultura de trabalho presente na indústria tecnológica do país.
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As postagens no GitHub, da Microsoft, que afirma ser o maior servidor de códigos do mundo, e em outras ferramentas de programação viralizaram em meio a grandes demissões no setor.
O protesto mira a cultura de trabalho "996" da indústria, que diz respeito a um horário de trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana.
Na semana passada, um ativista anônimo lançou o projeto "996.ICU" no GitHub, por meio do qual os trabalhadores compartilham exemplos de horas extras excessivas e votam nas principais empresas de uma lista negra, além de firmas com condições de trabalho melhores.
"Qual é a diferença entre estas empresas 996 e os antigos senhores de terra que oprimiam os camponeses???", questionou uma postagem.
A Alibaba , a JD.com e a fabricante de drones DJI Technology estão na lista negra. A Alibaba não respondeu de imediato a um pedido de comentário nesta sexta-feira, que é feriado na China.
Um porta-voz da DJI disse que a companhia não debate questões trabalhistas específicas, mas que tem "o compromisso firme de tratar nossos empregados com o maior respeito e proporcionar um ambiente de trabalho saudável".
Um porta-voz da JD.com não quis comentar.
"996.ICU" foi o projeto mais visitado do Github nesta sexta-feira, com 176 mil seguidores.
A campanha contra a cultura de trabalho 996 viralizou no Weibo, provocando milhares de respostas na versão chinesa do Twitter.
Nesta semana, alguns navegadores desenvolvidos localmente bloquearam o acesso a um repositório anti-996 do GitHub citando motivos legais.
A campanha anti-996 é o exemplo mais recente de ativistas exigindo condições de trabalho melhores e apoiando clamores por uma representação sindical maior em um momento de desaceleração econômica.
Katt Gu, consultor de leis e regulamentações da startup Dimension, sediada em Xangai, classificou a campanha anti-996 como um divisor de águas.
"É hora de punir essas grandes empresas malignas que não estão protegendo os direitos de seus funcionários", disse.
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