Tecnologia e Ciência Quando os pais podem dar celulares e tablets para os filhos?

Quando os pais podem dar celulares e tablets para os filhos?

A tecnologia pode ter impactos negativos na formação das crianças se o uso não for monitorado de maneira adequado pelos responsáveis

Crianças até dois anos de idade não devem usar celular, segundo OMS

Crianças até dois anos de idade não devem usar celular, segundo OMS

Pixabay

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, no começo de 2019, um manual com orientação para a inclusão de dispositivos tecnológicos na vida das crianças. De acordo com o documento, as crianças menores de 2 anos não deveriam ter nenhum contato com smartphones, tablets e outras telas de eletrônicos.

Os equipamentos eletrônicos poderiam ser incluídos na vida dos pequenos somente a partir dos 3 anos, sendo que o tempo máximo de uso deve ser de 1 hora diária até completar 5 anos de vida.

Essa restrição de tempo seria necessária para garantir as horas de lazer e de sono consideradas saudáveis para as crianças pela OMS.

"Os pais precisam acompanhar de perto a relação dos filhos com a tecnologia para estabelecer regras e limites de uso. Porém, não é aconselhável o uso muito cedo de celular, tablets e videogames", diz a psicopedagoga Regina Lima.

O Royal College of Pediatrics and Child Health, do Reino Unido, publicou um estudo que aponta que o uso excessivo de telas por jovens impacta negativamente na qualidade do sono, pode aumentar os riscos de obesidade e afetar as relações sociais.

A psicopedagoga avalia que a tecnologia não deve ser tratada, necessariamente, como uma vilã. "A internet, por exemplo, pode ser agregadora na formação de uma criança se for usada de maneira adequada. Também é possível estimular outras atividades de cunho educativo e lúdico na tela de um celular."

Para Regina, é aconselhável acompanhar o acesso dos filhos até os 15 anos, dependendo da maturidade e da relação. Inclusive, considera seguro os pais terem as senhas de acessos dos perfis nas redes sociais.

Segurança na internet

Os brasileiros sabem que estão correndo riscos quando estão conectados à internet. Segundo pesquisa realizada pela Savanta, empresa de pesquisa de mercado, a pedido da Kaspersky, de segurança digital, 93% dos internautas no Brasil estão preocupados com a segurança das crianças na rede.

Apesar disso, os adultos conversam pouco sobre segurança no ambiente digital com as crianças. Entre os entrevistados pela pesquisa, 62,6% disseram falar sobre o assunto com as crianças por menos de 30 minutos durante toda a infância dos filhos. A média global é de 46 minutos.

"Os pais precisam monitorar tanto o mundo real quanto o ambiente virtual. Quem não domina muito a tecnologia tem de buscar maneiras para aprender a usar ou tem que pelo menos sentar junto aos filhos quando eles estiverem conectados", diz Regina.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um manual com orientação para pais e escolas sobre o uso da tecnologia pelas crianças. A recomendação é que escolas e famílias atuem em conjunto com as equipes de saúde para monitorar rigorosamente o tempo de exposição à tela em casa e na escola.

Outro conselho é programar os dispositivos para acessar apenas conteúdos de alta qualidade com eficácia de aprendizagem. A SBP também orienta os familiares sobre a relevância de regras domésticas claramente estabelecidas e cumpridas e os limites para as crianças.

A psicopedagoga defende que os pais não precisam espionar os filhos. "A criança deve saber que existem regras e restrições de uso da internet. Com o amadurecimento do filho ou da filha, e construção de uma relação de confiança, é possível diminuir a rigidez sem precisar de punições".

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