Pesquisadores desenvolveram uma abordagem inovadora para a vacinação contra a malária: usar mosquitos geneticamente modificados para transmitir uma versão alterada do parasita causador da doença.Em um ensaio clínico, essa estratégia mostrou-se eficaz ao reduzir a suscetibilidade dos participantes à malária, abrindo caminho para métodos mais eficientes de combate à doença, que infecta cerca de 250 milhões de pessoas anualmente.O estudo, publicado no The New England Journal of Medicine, utilizou mosquitos portadores de uma versão geneticamente modificada do parasita Plasmodium falciparum. Este parasita, normalmente responsável por causar a malária, foi alterado para interromper seu desenvolvimento no organismo humano logo após a transmissão. Os resultados foram promissores: quase 90% dos participantes que receberam as picadas não contraíram a doença.Atualmente, existem duas vacinas contra a malária aprovadas, ambas projetadas para criar imunidade de longo prazo, utilizando anticorpos que bloqueiam o parasita antes de infectar o fígado humano. No entanto, essas vacinas têm uma eficácia de cerca de 75%, e exigem reforços constantes, o que motivou os pesquisadores a buscar alternativas que podem durar mais.Uma das opções encontrada é justamente essa: utilizar parasitas geneticamente modificados. Pesquisas anteriores com o parasita GA1, que interrompe seu ciclo de vida 24 horas após a infecção, mostraram proteção limitada. Por isso uma nova versão, GA2, foi criada, que interrompe o desenvolvimento seis dias após a infecção, durante a fase de replicação no fígado humano.No estudo, 20 voluntários foram expostos a picadas de mosquitos GA1 ou GA2. Três semanas depois, eles foram expostos a mosquitos com o parasita original, não modificado, da malária. Os indivíduos que receberam o GA2 apresentaram taxas de proteção maiores, 89% não contraíram a doença. Enquanto apenas 13% dos expostos ao GA1 foram protegidos da doença.Os cientistas agora buscam ampliar o estudo para confirmar a viabilidade do GA2 como ferramenta de controle global da malária. O trabalho dos pesquisadores é um grande marco na luta contra a malária, tendo potencial de salvar milhões de vidas e ajudar a conter uma das doenças mais devastadores do mundo.