Desde dezembro do ano passado, uma doença misteriosa tem assustado os moradores de Salvador (Bahia) e região metropolitana. Pacientes se queixam de intensa dor muscular e urina preta, mas os médico ainda não descobriram qual o nome da doença e nem a causa. Veja o que os pesquisadores, médicos e Secretaria de Saúde já sabem sobre a doença.
Quantos casos foram notificados?
Entre 14 de dezembro de 2016 a 5 de janeiro de 2017 foram notificados 52 casos suspeitos de mialgia aguda na Bahia. Segundo a Sesab (Secretaria de Saúde da Bahia), 50 pacientes eram da capital, um de Vera Cruz e um de Lauro de Freitas. Duas pessoas que apresentavam os sintomas morreram e a secretaria investiga a relação das mortes com a doença misteriosa.
Quais os sintomas?
A maioria dos pacientes apresenta dores musculares intensas de início súbito e dor ao leve toque no corpo. Além disso, alguns pacientes reclamam da urina preta, dores articulares e sudorese.
Doença causada pela ingestão de peixe?
Inicialmente, a suspeita era que a doença tivesse relação com a ingestão de peixe, já que a maioria dos pacientes relatava ter comido pescado antes de apresentar os sintomas, mas o pesquisador da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Gúbio Soares, disse que essa hipótese está praticamente descartada e acredita que a doença seja causada por um vírus.
Qual vírus estaria causando a doença?
Após analisar material fecal de oito pacientes, o pesquisador Gúbio Soares suspeita que a doença pode ser causada pelo parechovirus, um vírus da mesma família da hepatite A.
— Na amostra dos pacientes que tiveram essa síndrome, com a mialgia aguda, está sendo eliminando vírus nas fezes. Estamos sequenciando esse material genético encontrado para poder dizer qual o nome real do vírus. Os vírus que estamos encontrado nessas amostras pertence a uma família Picornavírus. Como é uma família grande, eu preciso definir as minhas suspeitas que são dois vírus: parechovirus ou enterovírus.
Como se dá a contaminação em caso de parechovirus?
Caso seja confirmado que a doença é causada pelo parechovirus, o pesquisador afirma que os pacientes foram contaminados através da ingestão de alimentos como vegetais ou ter bebido água contaminada.
Qual o tratamento?
Como ainda não se sabe a causa da doença, os pacientes que apresentam os sintomas são hidratados e medicados para acabar com a dor. O infectologista Antônio Bandeira alertou para não usar anti-inflamatório para não piorar os rins. Exames de sangue também são realizado. Ainda de acordo com Bandeira, os sintomas duram de três a cinco dias e a suspensão dos remédios só é feita após a melhora do quadro.
Como andam as investigações?
Gúbio Soares ainda está sequenciando o material genético e não chegou a uma conclusão para sua pesquisa. Enquanto isso, segundo informações da Sesab, amostras de fezes foram encaminhados para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, e amostras de peixes para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e serão encaminhadas também para um laboratório dos Estados Unidos.