O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), subiu na tribuna do plenário, nesta terça-feira (3), para defender o irmão, José Genoino, que entregou o mandato para evitar a cassação.
De acordo com Guimarães, o ex-presidente do PT decidiu renunciar assim que ficou sabendo que a Mesa Diretora da Casa decidiria pela abertura do processo de quebra de decoro. Segundo o líder petista, o irmão decidiu entregar o mandato para “proteger o PT, a bancada e a esquerda do País”.
Além disso, segundo José Guimarães, Genoino não queria enfrentar a “pressão midiática” de um novo processo.
— Foi por isso que ele [Genoino] me disse nesta manhã: “Eu não posso mais. Eu não sei se ainda tenho forças para suportar mais uma tortura dessa.”
Guimarães garantiu que a bancada do PT iria proteger Genoino da cassação, mesmo com o voto aberto, e que ele sabia disso. Mas, Genoino teria dito que preferia entregar o mandato do que expor os colegas partidários.
— Seja no voto aberto seja no voto secreto, a bancada do PT jamais deixaria de defender Genoino. Não foi com medo de cassação, foi um gesto dele.
Guimarães também lamentou o fato de Genoino não ter conseguido nem se pronunciar no plenário antes de renunciar, uma vez que está em prisão domiciliar. Durante o discurso, o deputado relembrou a trajetória de guerrilheiro do ex-deputado e a militância política.
O líder do PT também fez questão de destacar que as decisões de Genoino nunca foram motivadas por interesses pessoais. Segundo ele, o único “pecado” do irmão foi ter sido presidente do partido.
— O Genoino nunca fraquejou, ele sempre colocou a luta política dele acima de seus interesses pessoais e muitas vezes até familiares. [...] A história do Genoino se confunde com a historia do PT.
Protesto
Após mais de meia hora de discurso defendendo o irmão, José Guimarães foi interrompido pela deputada Liliam Sá (PROS-RJ), que pegou o microfone e protestou contra o discurso do líder petista.
— O Brasil não quer ouvir isso não! Parar o plenário só para bancada do PT?
O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), repreendeu a deputada e autorizou Guimarães a continuar com o discurso.
— Foi extremamente inconveniente a interferência de Vossa Excelência, que não cabe no regimento. Esse é um momento difícil que nós temos que compreender.
Alves também se posicionou solidário à situação de Genoino, reafirmou seu entendimento de que cabe à Câmara a decisão de cassar mandato parlamentar e garantiu que cumpriu com seu papel de presidente da Casa ao levar a questão para análise da Mesa Diretora.