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Alagoano Arthur Lira é apoiado pelo Planalto, mas com ressalvas 

Líder do Centrão já fez críticas ao governo, costuma pedir cargos importantes e tem extensa lista de denúncias na Justiça

Brasil|Marcos Rogério Lopes, do R7

Foi de Arthur Lira ideia de se aproximar de Bolsonaro
Foi de Arthur Lira ideia de se aproximar de Bolsonaro Foi de Arthur Lira ideia de se aproximar de Bolsonaro

Arthur Lira, deputado federal com 51 anos e em seu terceiro mandato, é um agropecuarista que começou a vida política em 1992, quando foi eleito vereador em Maceió, capital de seu Estado, Alagoas.

Tornou-se líder do Centrão na atual legislatura por ter trânsito fácil com os partidos no Congresso. Amigo do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, hoje preso por causa de investigações da Lava Jato, tem contra ele denúncias vindas da mesma operação.

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É também amigo do presidente Jair Bolsonaro, que torce por sua vitória e faz campanha para que ele seja o novo presidente da Câmara.

Antes de ser do PP (Partido Progressistas) , passou pelo PFL, PSD, PTB e PMN.

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Filho do ex-senador Benedito de Lira (PP), ele aprendeu com o pai a se manter forte em todos governos e a aproveitar as oportunidades. Nos bastidores do Congresso em Brasília é dito que ele costuma trocar apoio por cargos importantes, o que pode explicar algumas nomeações do governo federal nos próximos meses, caso saia eleito na Câmara.

Ele tem como principal adversário nesta segunda-feira (1º) o deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

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Criticou o governo de Bolsonaro por suas pautas de costumes e por polêmicas desnecessárias em 2019, mas tornou-se um aliado importante da atual gestão na tramitação da Reforma da Previdência e de outras iniciativas do governo federal.

Lira também apoiou a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, em 2019, criada para apurar abusos cometidos por apoiadores de Bolsonaro.

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Por outro lado, partiu dele o esforço para tornar o Centrão em 2020 a base aliada do presidente da República, iniciativa agora recompensada com o apoio à candidatura.

A ideia de que o alagoano fechará os olhos e aceitará todas as determinações do chefe do Executivo é vista com bastante cautela até mesmo pelo Planalto. Em declarações recentes, o candidato apontou falhas na condução da pandemia por parte do governo federal e fez críticas ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Garantiu ainda que em sua gestão não passa a criação de um imposto sobre transações, uma espécie de nova CPMF, sugerida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

"Tem de apresentar soluções de logística, tem de cuidar da temática de não deixar faltar insumos e nem vacinas para o Brasil, tem de tratar junto do Ministério de Relações Exteriores, no tratamento com Índia e China. Essas pontuações, a gente faz porque é nossa obrigação fazer. A população, ela acredita no seu parlamentar para solucionar", disse Lira em janeiro.

Apoiado por Bolsonaro, Arthur Lira diz que 'não tem chefe, nem dono'

Em sua história no Parlamento, votou pela saída da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, mas foi contra o pedido de impeachment do sucessor Michel Temer (MDB). 

Sobre uma possível análise da retirada de Bolsonaro (há mais de 60 pedidos no Congresso), fica em cima do muro, pelo menos em frente às câmeras. 

Problemas com a Justiça

O deputado alagoano teve de responder a várias acusações graves durante a vida política. Entre elas citações de delatores da Operação Lava Jato, segundo as quais ele integraria o grupo do PP que estaria por trás do esquema criminoso que saqueava a Petrobras.

No início de dezembro do ano passado, poucos dias antes de anunciar sua candidatura, um juiz de primeira instância o livrou, pelo menos temporariamente, de uma outra acusação, de ser responsável por 'rachadinha' (apropriação de parte do dinheiro dos servidores) na Assembleia Legislativa de Alagoas entre 2003 e 2006, período em que era deputado estadual.

O Ministério Público de Alagoas recorreu da decisão, assinada pelo juiz Carlos Henrique Pita Duarte. De acordo com a sentença, as provas utilizadas na acusação são ilícitas e não poderiam ser consideradas.

O caso chegou ao STF em 2018, após a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encaminhá-lo à Suprema Corte e solicitar a perda de mandato do parlamentar. O processo, por decisão da Corte, foi enviado ao Tribunal de Justiça de Alagoas.

O Supremo, no entanto, tem outra acusação contra ele em andamento, ligada à Lava Jato. No fim de novembro de 2020, a 1ª Turma manteve na Casa o processo em que Arthur Lira é acusado de recebimento de propina de R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos) Francisco Colombo, em 2012.

Em outro caso, em setembro de 2020, dois meses depois de denunciar Lira usando informações passadas por delatores, que disseram que o deputado recebeu 1,6 milhão em propina da construtora Queiroz Galvão, a PGR (Procuradoria-Geral da República) voltou atrás e pediu o arquivamento da denúncia.

Ele já era cotado para suceder Maia em setembro.

O deputado federal teria também uma condenação por ter comprado um apartamento com cheques sem fundo.

Segundo informações da revista Veja, o parlamentar teria quitado duas parcelas da transação imobiliária, no valor de R$ 700 mil, com cheques sem fundos e até hoje responde a processo por causa dessa compra, ocorrida em 1993.

O deputado negou à revista ter praticado qualquer irregularidade no caso.

Procurada pelo R7, a assessoria de imprensa do parlamentar afirmou que ele nega todas as acusações.

Problemas com a ex-mulher

Em novembro de 2020, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, mandou para a Justiça do Distrito Federal um processo em que Jullyene Cristine Santos Lins, ex-mulher de Lira, o acusa de difamação e injúria ao xingá-la em uma entrevista à revista Veja.

Jullyene deu uma entrevista à publicação dizendo que o deputado ficou rico graças a propinas. Em resposta, ele disse que ela era uma “vigarista profissional querendo extorquir dinheiro, inventando histórias".

Barroso entendeu que as declarações de Lira não têm relação com o exercício do mandato parlamentar. Assim, não cabe ao STF analisar o caso.

Em 2006, a mesma Jullyene apresentou queixa por lesão corporal contra o ex-marido à Polícia Civil de Alagoas. Em 2015, após ela mudar sua versão, dizendo que registrou o caso por vingança, Lira foi inocentado.

Em enttevista à Folha, no início de 2021, ela disse que só mudou seu depoimento porque foi agredida e pressionada pelo deputado. Lira desmente a denúncia e diz que o caso foi politizado.

Ao R7, a assessoria de imprensa de Arthur Lira afirmou que ele nega as acusações da ex-mulher.

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