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Amigo de Cunha é alvo de mandado de prisão da Operação Recomeço

Operação Recomeço investiga desvios em fundos de pensão públicos; PF já prendeu 3 pessoas

Brasil|Do R7

O delegado da Polícia Federal, Tacio Muzzi, que conduz a Operação Recomeço
O delegado da Polícia Federal, Tacio Muzzi, que conduz a Operação Recomeço

O empresário Ricardo Andrade Magro, amigo e ex-advogado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é um dos alvos de prisão da Operação Recomeço. Deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (24), a ação investiga desvios na aquisição de títulos mobiliários.

O amigo de Eduardo Cunha já havia aparecido na lista do Panama Papers. Ricardo Magro comandou uma rede de offshores pela firma panamenha Mossack Fonseca, especializada em abrir empresas de fachada em paraísos fiscais. O empresário, que também é dono da refinaria de Manguinhos, no Rio, teve relacionadas a seu nome seis empresas em paraísos fiscais.

Na Operação Recomeço, Ricardo Andrade Magro é suspeito de envolvimento no esquema de desvio de recursos dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na compra de debêntures do Grupo Galileo. Segundo o Ministério Público Federal, em dezembro de 2010, o Grupo Galileo emitiu debêntures no valor de R$ 100 milhões para captar recursos a fim de recuperar a recém-adquirida Universidade Gama Filho. O empresário e Márcio André Mendes Costa eram sócios do Galileo na época.

"As investigações encontraram fortes indícios de que o dinheiro captado foi ilegalmente desviado para outros fins, em especial para contas bancárias dos investigados, de terceiros e de pessoas jurídicas relacionadas aos investigados, o que levou à quebra definitiva da Gama Filho e da UniverCidade, também mantida pelo Grupo, e ao descredenciamento delas pelo Ministério da Educação em 2014, com danos a milhares de estudantes", diz o texto divulgado no site da Procuradoria.


O esquema também teria prejudicado os fundos de Pensão Postalis e Petros, que adquiriram em 2011 as debêntures do Grupo Galileo confiando na recuperação da Gama Filho.

A operação causou perdas aos segurados no valor de R$ 90 milhões e também foi apurada pela CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados, cujo relatório final, aprovado em abril de 2016, concluiu pela irregularidade da compra dos títulos mobiliários e apontou indícios de graves ilícitos penais.


Três foram presos

À frente da Operação Recomeço, o delegado Tacio Muzzi afirmou hoje, em entrevista coletiva, que três dos sete mandados de prisão pedidos na operação já foram cumpridos e que R$ 1,35 bilhão de recursos de 46 envolvidos no caso foram bloqueados.


Duas pessoas com mandado de prisão podem estar no exterior. Essas duas pessoas, além dos demais investigados que tiveram prisão decretada e que não foram encontrados, estão sendo procurados pela PF e, caso não se apresentem, poderão ser consideradas foragidas.

A investigação está concentrada em investimentos feitos pelos dois fundos na empresa Galileo Educacional, que teve falência decretada pela Justiça do Rio de Janeiro em maio passado. Questionado, o delegado afirmou que é prematuro dizer que houve desvio de recursos para políticos.

— Já foi mapeado o possível desvio em favor de pessoas do quadro pessoal da Galileo e pessoas jurídicas a ela vinculadas. É prematuro falar em desvio para políticos.

De acordo com o delegado e o procurador da república Paulo Gomes, os investigados presos deverão ser ouvidos no prazo de cinco dias da prisão temporária. A PF e o Ministério Público Federal (MPF), que atuam em conjunto no caso, também analisaram os documentos obtidos nas operações de busca e apreensão realizadas no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo. Segundo eles, não houve busca na sede dos fundos de pensão Postalis e Petros, considerados "vítimas" do suposto esquema de desvio de recursos do grupo Galileo.

A Operação Recomeço investiga a compra de R$ 100 milhões em debêntures emitidas pela Galileo para a recuperação da Gama Filho. Os recursos, entre eles os desembolsos feitos pelo Postalis e pelo Petros, deveriam ser aplicados na Gama Filho, porém isso não aconteceu. A Gama Filho era uma das controladas da Galileo.

O delegado e os procuradores não informaram os nomes dos presos, apenas que um deles foi um ex-diretor financeiro do fundo Postalis. Mais cedo, o Ministério Público Federal informou o pedido de prisão de Adilson Florêncio da Costa, que ocupava o cargo. Fontes do MPF e da PF confirmam a prisão de Costa, em Brasília, e também de Paulo César Prado Ferreira da Gama, um dos donos da universidade Gama Filho, e do advogado Roberto Roland Rodrigues da Silva.

Além deles, a 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro autorizou a prisão dos sócios do Grupo Galileu na época da compra das debêntures Márcio André Mendes Costa e Ricardo Andrade Magro, do então representante legal da Universidade Gama Filho Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz, e do ex-diretor do Grupo Galileo Carlos Alberto Peregrino da Silva.

De acordo com o procurador Paulo Gomes, a prisão temporária dos envolvidos deve possibilitar a colheita de provas mais robustas e o rastreamento do paradeiro dos recursos, além de evitar que os investigados alterem sua situação patrimonial. O objetivo é fortalecer as provas para que então o MPF possa apresentar uma denúncia.

De acordo com Muzzi e Gomes, o foco da operação é não só comprovar os crimes, mas também recuperar os recursos desviados e devolvê-los aos fundos de pensão Petros e Postalis.

Além de Petros e Postalis, o Banco Mercantil também investiu R$ 3 milhões nas debêntures emitidas pela Galileo e também está envolvido na investigação, mas sua participação no esquema é considerada menor.

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