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Análise: criação de moeda única no Mercosul é mais uma enxadada de Haddad

A fusão monetária entre países do bloco é ideia inviável sob vários aspectos e reforça a falta de um projeto do ministro da Fazenda 

Brasil|Marco Antonio Araujo, do R7

Argentinos sofrem com inflação fora de controle e crises cíclicas que assolam o país vizinho
Argentinos sofrem com inflação fora de controle e crises cíclicas que assolam o país vizinho Argentinos sofrem com inflação fora de controle e crises cíclicas que assolam o país vizinho

A cada enxadada, uma minhoca. Têm sido assim as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Pode parecer implicância, mas o ex-prefeito não reeleito de São Paulo, o principal escudeiro de Lula, só nos brinda com frases evasivas e confusas, que em nada colaboram para um clima de segurança sobre o futuro econômico do pais.

A última sinalização, desastrosa, pronunciada na terça-feira (3), se deu durante o encontro do ministro com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli. Eles simplesmente tornaram pública a intenção de criar uma moeda comum para o Mercosul. É isso mesmo: somos obrigados a imaginar uma fusão entre o real, os pesos e os bolívares.

Parece um pesadelo ou delírio, que não guarda nenhuma semelhança com o esforço dos países europeus na criação do euro, implantado em 1999 após décadas de preparativos e extensas negociações. A comparação, portanto, é esdrúxula, pelas caraterísticas das fortes economias envolvidas entre países de economia minimamente parelha e expressiva estabilidade fiscal e monetária.

Como é possível sugerir a ideia de moeda única entre economias tão díspares, para não dizer caóticas, repletas de incongruências de PIB, renda per capita, índices de inflação, desigualdades sociais e governança fiscal? Da Argentina, com sua inflação descontrolada e crises cíclicas, nem se fala.

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É uma ideia tão esdrúxula quanto impossível de pôr em prática. Mas essa proposta, por si só, ainda no terceiro dia de governo, parece uma ameaça, mais que um deboche com nossa inteligência.

Em respeito aos fatos, é preciso lembrar que o ex-ministro Paulo Guedes chegou a defender, de passagem, a implementação dessa “moeda única”, logo descartada e lançada ao esquecimento. Ninguém imaginava que essa curiosa gambiarra monetária voltaria à cena, num cenário ainda mais degradado nos últimos anos.

Disseram Haddad e Scioli que a intenção é fortalecer o Mercosul e seus países. Quase dá preguiça, mas é preciso deixar bem claro: esse projeto tem tanta chance de vingar quanto a picanha com cerveja na mesa de todo brasileiro. Bobagem gastar energia com isso, em meio aos tantos desafios que emparedam esses vizinhos de desfortúnios. Se não é galhofa, é burrice mesmo. Ou falta do que fazer.

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