Após divulgação de grampos, Dilma diz que não vai recuar e avisa: "Os golpes começam assim"
Presidente: gravações tentam "convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades"
Brasil|Mariana Londres, do R7, em Brasília
Durante a cerimônia de posse de Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro da Casa Civil nesta quinta-feira (17), a presidente Dilma Rousseff reservou boa parte do seu discurso para criticar a atitude do juiz federal Sérgio Moro, que tornou público ontem grampos telefônicos da PF (Polícia Federal) que gravaram conversas dela.
Enfática, Dilma disse que "não há justiça quando delações são tornadas públicas de forma seletiva para execração de alguns investigados e quando depoimentos são transformados em fatos espetaculares". A presidente também disse que os "grampos são ilegais" e que o País está "diante de um fato grave, uma agressão não à minha pessoa, mas à cidadania, à democracia".
— Vamos avaliar as condições desse grampo que envolve a Presidência da República. Queremos saber quem autorizou. Porque autorizou. Porque foi divulgado, quando ele não continha nada, nada eu repito, que possa levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano. [...] Processos equívocos, investigações baseadas em grampos ilegais não favorecem a democracia nesse País.
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Logo em seguida, Dilma avisou que não recuará no seu trabalho, cobrou a apuração dos fatos ocorridos na véspera e avisou que a postura de Sérgio Moro pode provocar um golpe de Estado.
— Eu quero deixar claro que isso não me fará recuar diante da exigência da mais absoluta apuração dos fatos acontecidos ontem. Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de métodos escusos, de práticas condenáveis, viola os direitos dos cidadãos e abre precedentes gravíssimos. Os golpes começam assim. Nossa obrigação é enfrentar essa situação.