Às vésperas de fala na TV, Cunha avisa que não teme panelaço e defende distanciamento entre PMDB e PT
Presidente da Câmara defenderá gestão em cadeia nacional de rádio e TV nesta sexta-feira
Brasil|Bruno Lima, do R7, em Brasília
Em café da manhã oferecido a jornalistas na manhã desta quinta-feira (16), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que não teme manifestações durante o pronunciamento que fará em cadeia nacional de rádio e TV na noite de sexta-feira (17).
Cunha não adiantou o conteúdo da divulgação e afirmou que, se houver algum tipo de “panelaço”, será organizado pelo PT. O parlamentar ainda disse que um eventual protesto “vai dar destaque” ao pronunciamento.
— Quanto a um eventual panelaço, eu vou ficar muito feliz se tiver, porque vai ser do PT. Então vai ser um petezaço.
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A transmissão está marcada para as 20h25. Ele disse que não busca “apoio popular” ou “aplausos” e que fará um balanço dos cinco meses à frente da presidência da Casa.
— Eu estou fazendo prestação de contas. Se eu estou fazendo prestação de contas, quem tem um mínimo de educação escuta.
Cunha criticou duramente o Partido dos Trabalhadores, mas poupou a presidente Dilma Rousseff. O parlamentar disse que deseja “os melhores votos” à presidente, mas defendeu o distanciamento entre o PMDB e o PT.
— O sucesso ou o insucesso com a instabilidade política, ou com a governabilidade, não é bom para ninguém. Eu sou brasileiro, tenho filhos, penso no futuro do País e quero preservar o meu País. Eu não desejo o insucesso de quem quer que seja, pincipalmente o dela à qual o meu partido está associado.
O presidente da Câmara não descartou a possibilidade do fim da parceria entre os dois partidos antes das eleições de 2018 e disse que o “PMDB não aguenta mais a aliança do PT”.
Cunha também recomendou que o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, não ocupe durante muito tempo a função de articulador político, que assumiu em abril deste ano. Cunha atribuiu a Temer a aprovação no Congresso Nacional das medidas do ajuste fiscal proposto pelo governo.
— O Michel Temer assumiu a articulação política talvez no momento mais grave da crise em relação à governabilidade. Provavelmente, se ele não tivesse assumido, as medidas do ajuste fiscal não teriam passado.
Parlamentarismo
Cunha voltou a defender o parlamentarismo como sistema político ideal para o País. No entanto, o presidente da Câmara foi cauteloso ao falar sobre o assunto para que a tentativa de mudança no sistema político não soe como um “golpe branco”.
Na visão de Cunha, um crise política seria mais simples de ser superada caso o chefe do Estado fosse um primeiro-ministro, uma vez que a troca no cargo poderia ser feita mais facilmente.
— Se o Brasil vivesse o parlamentarismo, certamente não teríamos a crise que a gente está vendo hoje.
Ele reafirmou o posicionamento contrário a um eventual impeachment de Dilma e revelou que já indeferiu “3 ou 4 pedidos” de afastamento da presidente.