A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) afirmou, nesta segunda-feira (23), ver com “preocupação” os diálogos nos quais Romero Jucá sugere um pacto no governo para deter as investigações da Operação Lava Jato.
Após a divulgação da conversa pelo jornal Folha de S.Paulo, Jucá anunciou que se afastará do cargo de ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer até que o Ministério Público emita um parecer sobre as gravações.
“A entidade já havia alertado para as repetidas tentativas de interferência política no trabalho da Polícia Federal e repudia qualquer ato no sentido de impedir a continuidade de uma das mais importantes investigações em curso no Brasil”, afirma a ADPF em nota.
No texto, a ADPF defende a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 412/2009, em tramitação no Congresso Nacional, que estabelece a autonomia para a Polícia Federal.
“A ADPF também defende que o governo escolha o novo diretor-geral da Polícia Federal com base na lista tríplice em elaboração pelos delegados federais”, diz a nota. “A indicação por meio da lista é essencial para o fortalecimento da PF e para garantir a independência das investigações atualmente em curso.”
“É preciso ainda que o diretor-geral tenha mandato de três anos, com possibilidade de uma recondução”, defende a ADPF. “A votação nos nomes que integrarão a lista acontece em 30 de maio. Em 1º de junho, a Associação entregará a lista ao presidente Michel Temer e ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.”