Campanha fora do período oficial pode ajudar eleitor a escolher candidato
Agenda intensa antecipa prazo do dia 6 de julho; especialistas enxergam vantagem para eleitor
Brasil|Kamilla Dourado, do R7, em Brasília, e Rodolfo Borges, do R7
O período de campanha eleitoral deste ano só começa oficialmente no dia 6 de julho, mas as pré-campanhas dos principais candidatos das eleições de outubro já seguem de vento em popa. Apesar de ainda informal, a campanha eleitoral antecipada é uma vantagem para o eleitor, segundo cientistas políticos ouvidos pelo R7.
Para quem tentará a reeleição, como a presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, basta seguir a agenda oficial e celebrar os próprios feitos. Para quem está sem cargo, contudo, é preciso criar agendas próprias, desde que não peça voto ou se comporte declaradamente como candidato.
Só na semana passada, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência, esteve em Minas Gerais, para receber dois títulos de cidadão honorário, foi a São Paulo, onde deu palestra na USP (Universidade de São Paulo) e participou de feira da Apas (Associação Paulista de Supermercados), de onde seguiu para Minas, para visitar a Expozebu, em Uberaba (MG).
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Enquanto isso, candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva, dava palestra numa faculdade do Tocantins — ou acompanhava o ex-governador em eventos, como na feira da Apas. Também pré-candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se mantém em evidência enquanto líder da oposição, com críticas em entrevistas coletivas quase diárias, mas também busca eventos para reforçar o discurso.
Na última sexta-feira (9), Aécio deu palestra na Federação das Indústrias de Alagoas. Cinco dias antes, o senador visitou o Sindicato Nacional dos Aposentados, em São Paulo. Na semana anterior, Aécio deu palestra nesta na Associação Comercial de São Paulo, na capital paulista, participou de feira do agronegócio em Ribeirão Preto (SP) e foi a encontro de empresários na Ilha de Comandatuba (BA).
Eleitor
Para a cientista política Maria Teresa Miscelli Kerbauy, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), os protestos de junho do ano passado contribuíram para a antecipação do debate eleitoral, já que “mostraram que o atual governo não tinha uma situação tão confortável”. E, apesar de fazer campanha antecipada ser um equívoco, a exposição dos candidatos por mais tempo pode contribuir para a escolha do eleitor.
— A partir do dia oficial da campanha, você tem pouco tempo até a eleição. Esse prazo [de exposição] um pouco maior para os [candidatos] não conhecidos é importante. As pesquisas mostram isso. Conforme a campanha vai ganhando fôlego, mais dados disponíveis, o eleitor vai se decidindo melhor sobre o candidato que ele vai escolher. Esse período pré-eleitoral é importante, sim, para a decisão do eleitorado.
Professor da UnB (Universidade de Brasília), o cientista político Luciano Dias concorda com Kerbauy e vai além: para ele, a pré-campanha “é boa para o País”. Segundo Dias, o Brasil precisa de mais debate, já que a população é pouco interessada em política. O cientista político considera o limite oficial para campanha eleitoral “é um preciosismo”, “mais uma das leis brasileiras que não pega”.
— Não adianta fazer lei. Temos uma das mídias mais ativas do mundo, a população mais desenvolvida do mundo nas redes sociais. Você acha que quatro, três juízes vão conseguir impedir campanha eleitoral?
De qualquer forma, até que a lei mude, as normas precisam ser cumpridas, como lembrou nesta sexta-feira o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, enquanto deixava o comando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral): “o País não precisa de mais leis; precisa de homens, sobretudo homens públicos dispostos a cumpri-las”.