Gim Argello bolou esquema 'audacioso' e 'atrevido', diz força-tarefa
Dida Sampaio/12.04.2016/Estadão ConteúdoA equipe de procuradores da República que compõe a força-tarefa da Operação Lava Jato classificou, nesta terça-feira (12), a estratégia do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) de obstruir as investigações da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras, criada em maio de 2014 no Congresso Nacional, como "audácia", "atrevimento" e um "atentado à ordem pública".
O procurador da República Athayde Ribeiro Costa disse que Gim Argello “indicou à UTC partidos da coligação União e Força para o pagamento de doações, que ocorreram do curso da Lava Jato entre 11 de junho de 2014 e 2 de outubro de 2014”. A coligação União e Força, para a disputa das Eleições 2014 no Distrito Federal, era formada por PTB, PR, PRTB, PMN e DEM.
— São R$ 5 milhões pagos pela UTC e os partidos que receberam as doações foram DEM, PR, PMN e PRTB [além do PTB]. É importante informar que não há indícios de que os partidos tinham ciência da origem ilícita da propina.
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Para Costa, "isso mostra a audácia de Gim Argello em usar a CPMI para praticar crimes". O procurador explicou que "no próprio dia em que foi instalada a CPMI no Senado, em maio de 2014, agentes da OAS já se movimentavam para pagar propina a Gim Argello".
As investigações apontam que o "presidente da UTC [Ricardo Pessoa] fez contato telefônico com Gim Argello para encontros na casa de Gim Argello" e que "o total dos valores pagos aponta a quantia de R$ 5,350 milhões".
— O caso de hoje revela um grave atentado a ordem pública. A prisão de Gim Argello é um crime permanente. Ele obstruiu as investigações da CPI. O crime foi dotado de atrevimento porque foi feito mesmo depois do início da Lava Jato. [...] É importante destacar que o produto da lavagem não foi recuperado e, por isso, foi necessária a prisão cautelar.
De acordo com as investigações da força-tarefa da Lava Jato, detalhada pelo procurador Athayde Ribeiro Costa, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) influenciou colegas do Congresso Nacional — quando era vice-presidente da CPMI da Petrobras — a evitar que empreiteiros envolvidos com o esquema de propina da Petrobras fossem depor.
— Ele recebeu valores para influenciar a não-convocação de empreiteiros. [...] Eventuais outros parlamentares que podem ter participado estão a cargo da PGR e do STF.