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'Conflitos a gente não tem como evitar', diz presidente da Funai

Dezenas de índios da etnia Gamela foram surpreendidos por homens armados no domingo

Brasil|

Funai enfrente cortes em orçamento
Funai enfrente cortes em orçamento Funai enfrente cortes em orçamento

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Antônio Costa, afirmou que a barbárie ocorrida no último domingo (30), em Viana, no Maranhão, a qual resultou em 13 feridos, alguns deles em estado grave, está entre os casos que não teriam como ser evitados.

Sob a justificativa de que a Funai enfrenta uma das piores crises financeiras de sua história, tendo sofrido corte de 44% de seu orçamento neste ano, Costa disse que a fundação enfrenta limitações de recursos pessoais para fazer seu trabalho e que, por vezes, os conflitos são "premeditados", o que impossibilitaria, segundo ele, uma ação antecipada da Funai.

— Conflitos a gente não tem como evitar. São conflitos, às vezes, premeditados e que, às vezes, ocorrem. A instituição tem procurado levar a paz no campo, buscando o diálogo, esse é o pensamento do presidente da Funai e temos levado isso até as populações indígenas. O momento exige muito mais conversa, muito mais negociação. Agora, episódios dessa natureza não podem ser considerados como episódios que possam ser dizimados em todas as áreas. Isso não ocorre.

Segundo o chefe da Funai, a polícia e demais instituições que atuam no Maranhão também não foram capazes de prever que algo grave estava para acontecer.

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— Estamos controlando as questões mais conflituosas. Isso foi um episódio que fugiu do nosso controle, como também fugiu do controle policial e também das próprias instituições.

Na última segunda-feira (1), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) divulgou documentos para mostrar que, em agosto do ano passado, recorreu formalmente Funai para que o processo inconcluso de identificação e demarcação da terra indígena do Território Gamela, no município de Viana, fosse realizado pelo órgão indigenista, "para evitar o agravamento do conflito em questão".

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Em 24 de outubro de 2016, a Funai respondeu que, "desde 2012, essa Fundação não dispõe de mecanismo de contratação de profissionais externos para compor e coordenar GTs (grupos de trabalho), contando apenas com profissionais que se dispõem a trabalhar na condição de colaboradores eventuais, e que em geral não têm condições de se dedicar exclusivamente aos estudos".

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Na carta, a Funai fez questão de destacar que "não há previsão para constituição de grupo técnico multidisciplinar no âmbito do Plano Plurianual 2016-2019 para realizar estudos na área reivindicada pelo povo Gamela, até o momento".

Antônio Costa voltou a culpar as dificuldades orçamentárias do órgão federal.

— Devido à quantidade de processos que hoje a Funai tem e à mão-de-obra escassa que a Funai vem passando nesses oito, dez anos, isso impossibilita a instituição de poder acompanhar todas essas demarcações e solicitações. A Funai está fazendo seu papel, embora de forma muito difícil pelo momento que nós estamos passando e que o país passa."

O presidente da fundação disse que ainda não conversou com o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, sobre o assunto, mas que uma equipe da Funai de Brasília e servidores da instituição no Maranhão já foi mobilizada para acompanhar o caso.

— Que se faça justiça, e que se apure de forma verdadeira a causa desse conflito para que não se repita. São pessoas que estão sendo agredidas de uma forma bárbara.

Perguntado se iria pessoalmente ao Maranhão, Costa afirmou que não está prevista a viagem.

— No momento não (vou), até porque estamos fazendo adaptação aqui na sede, da forte crise que a instituição está passando, devido a esses cortes orçamentários.

O crime aconteceu no último domingo, na cidade de Viana, a 214 quilômetros de São Luís. De acordo com informações do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a CPT (Comissão Pastoral da Terra), dezenas de índios da etnia Gamela estavam em uma área reivindicada no povoado de Bahias quando foram surpreendidos por homens armados. O grupo de pistoleiros seria ligado a fazendeiros.

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