Crise política e econômica paralisa debate sobre direitos humanos no País, diz Anistia Internacional
Em relatório, entidade critica homicídios, letalidade policial e sistema prisional do Brasil
Brasil|Do R7
A crise política, econômica e institucional vivida no Brasil no ano passado paralisou os debates sobre políticas públicas de promoção de direitos humanos, aponta a ONG Anistia Internacional, em capítulo dedicado ao Pais em seu relatório “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo 2016/2017”, lançado nesta terça-feira (21).
O texto indica que a situação vivida pelo Brasil no ano do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff contribuiu para o avanço de agendas conservadoras. O relatório cita a PEC do Teto, que congela os gastos do Estado pelos próximos 20 anos, considerando que sua aprovação atinge direitos econômicos e sociais.
Direito à vida
Para a Anistia Internacional, o Estado brasileiro tem falhado duplamente em seu papel de garantir o direito à vida. Se, por um lado, não apresenta um plano consistente para redução de homicídios, por outro, seus agentes, sobretudo policiais em serviço, são responsáveis por milhares de homicídios.
A ONG afirma que o combate à violência de Estado se dá sobretudo pelo ativismo de mulheres – mães, irmãs, companheiras das vítimas. Para a entidade, a mobilização é necessária para que a garantia dos direitos.
Presídios
A Anistia Internacional também destaca, em seu relatório, casos de superlotação e tortura em presídios. A ONG critica a ação do governo em relação à questão, mesmo tendo recebido denúncias de instituições e organizações nacionais e internacionais.
O relatório ainda aponta denúncias de tortura e maus tratos dentro das unidades do sistema socioeducativo e chama atenção para propostas de redução da maioridade penal que tramitam no Congresso.
Jogos do Rio
A realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro propiciou, segundo o documento, na militarização da segurança pública, aumento nos homicídios pela polícia e repressão a protestos.
Para a Anistia Internacional, a aprovação da Lei Antiterrorismo, no contexto dos grandes eventos, foi uma herança perigosa para o País.
“Política da demonização” deixou o mundo mais dividido e perigoso em 2016, diz Anistia Internacional