Cunha chora, diz ser ‘troféu do PT’ e afirma que sessão de cassação é um ‘circo’
"É o preço que estou pagando pelo Brasil ter ficado livre do PT", disse o deputado em sua defesa
Brasil|Do R7
“Marcar uma votação como essa às vésperas da eleição é querer transformar isso num circo”, disse nesta segunda-feira (12) o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em sua defesa, durante a sessão que deve votar sua cassação.
Ele chorou ao dizer que essa poderia ser sua última fala da tribuna e afirmou que, em sua defesa, falaria mais de questões políticas do que de questões técnicas que, se segundo ele, foram abordadas pouco antes pelo seu advogado, Marcelo Nobre.
O deputado atacou o governo da ex-presidente Dilma Rousseff e afirmou que seu afastamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em maio, e seu processo de cassação está diretamente relacionado ao processo de impeachment.
“Alguém tem alguma dúvida de que, se eu não tivesse agido, teria impeachment? [...] O PT quer um troféu”, disse. “Olha lá, quem abriu [o processo] foi cassado. Olha lá, vamos gritar que é golpe”, complementou, simulando a fala de um partidário do PT. “[Correr o risco de ser cassado] é o preço que estou pagando pelo Brasil ter ficado livre do PT.”
Ele classificou como “coincidência” o fato de ter aceitado o pedido de impeachment que levou à queda de Dilma pouco depois da sessão da Comissão de Ética em que o PT rompeu definitivamente com ele. Cunha argumentou que, apesar de ter aceitado aquele pedido de impeachment, foi também responsável por barrar outros. “Eu rejeitei quarenta [pedidos], aceitei um, e doze não deliberei.”
Sobre a acusação de ter-se beneficiado pela corrupção na Petrobras, o deputado disse ainda que, por ser um opositor do PT, não pode ter-se envolvido no “esquema criminoso que o PT montou”. A respeito da conta da Suíça, Cunha insistiu: “Esse trust não me pertence.” Minha conta tinha conta, sim. Ela não é deputada [...] Não tem ninguém aqui que pode ser processada por quebra de decoro de família”.
Cunha ainda rebateu a acusação de ter dado andamento à chamada pauta bomba (conjunto de medidas que ampliavam o gasto do Executivo no momento em que Dilma pretendia cortar gastos). “Bomba era o governo, não a pauta”, disse.
Por duas vezes, a fala de Cunha foi interrompida. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ampliou, por isso, em alguns minutos a fala do parlamentar, antes restrita a 25 minutos.