O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que o impedimento de um presidente é algo grave e que exige previsões constitucionais. Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (16), ele advogou pela tese de que um presidente não pode ser afastado do cargo por um ato anterior ao mandato que está exercendo. E comparou à situação recente por qual passou o Paraguai, com afastamento de Fernando Lugo no que foi considerado um golpe pelo Brasil. — Não posso achar que o Brasil virou uma "republiqueta" e que podemos tirar o presidente democraticamente eleito. O Brasil não pode fazer como o Paraguai, que tirou o Lugo do dia pra noite porque ele perdeu apoio, vai ser um impeachment atrás do outro se isso acontecer. O presidente da Câmara disse ainda ser a favor do parlamentarismo como sistema de governo, mas que falar nisso agora soaria golpista, então que preferiria plantar uma semente deste debate para o futuro. Questionado sobre a operação Lava Jato e sobre a sua fala de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria escolhido a quem investigar, Cunha disse não ser uma alegação política, mas técnica. — O procurador usou dois pesos e duas medidas. Ele disse que, a seu ver, o inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS) não deveria ter sido arquivado e que não deveria ter sido aberta investigação contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O presidente da Câmara também voltou a ressaltar que o envolvimento de seu nome não foi corroborado pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. Cunha disse que, mesmo que seu inquérito vire uma denúncia contra ele, não pretende renunciar ao cargo de presidente da Câmara. — Não podemos condenar ninguém antecipadamente. Sobre a polêmica afirmação dada na manhã desta segunda-feira (16), Cunha esclareceu que não quis dizer que não há corrupção no poder Legislativo, mas que a governança para evitar os casos denunciados recentemente é do poder Executivo. — Não estou isentando, mas a raiz do problema não está lá [no Legislativo]. Foi o que ele afirmou ao defender que a corrupção na Petrorbras decorreu, em grande parte, de mudanças regulatórias de licitação, na competência do Executivo.