Decisão sobre cassação de Cunha pode sair ainda neste ano, diz presidente do Conselho de Ética
Presidente da Câmara é acusado de manter contas secretas na Suíça
Brasil|Bruno Lima, do R7, em Brasília
O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PSD-BA), estimou nesta quarta-feira (14) que o pedido de cassação de mandato do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seja analisado até o final deste ano.
O Psol e a Rede Sustentabilidade apresentaram nesta terça-feira (13) um pedido de cassação de mandato de Cunha por quebra de decoro parlamentar. O argumento é de que ele mentiu na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras quando negou manter contas bancárias no exterior.
No entanto, a PGR (Procuradoria-Geral da República) confirmou que foram encontradas contas que tinham como beneficiário o presidente da Câmara e seus familiares. No começo do mês a Suíça congelou perto de US$ 5 milhões em ativos em nome de Cunha e de seus parentes.
O valor corresponde a pouco mais de R$ 20 milhões segundo a cotação atual do dólar e teria sido distribuído em pelo menos quatro contas, uma delas em nome da mulher do deputado.
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De acordo com o Regimento da Câmara, o Conselho de Ética tem até 90 dias para tomar apresentar e votar o relatório. No entanto, Araújo avaliou que pela repercussão do caso o processo deve acontecer de forma mais rápida.
— Eu acho que está mais propenso a acabar este ano porque é um processo que a sociedade reclama, nós todos queremos a apuração dos fatos e o Conselho de Ética não quer ficar com esse problema na mão.
Serão sorteados três deputados que compõem o Conselho de Ética, e um deles será escolhido por Araújo para ser relator do caso. No entanto, ele explicou que dos 21 parlamentares que compõem o Conselho de Ética, três ficarão de fora do sorteio por pertencerem ao PMDB ou por terem sido eleitos pelo Rio de Janeiro, partido e Estado de Eduardo Cunha.
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O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também não deve participar do sorteio por ter disputado a presidência da Câmara com Cunha no começo deste ano. Araújo disse que não foi procurado por nenhum representante do governo e nem de Cunha e que a apreciação será feita de forma isenta.
— Eu vou proceder julgando uma representação contra um deputado. É o deputado Eduardo Cunha. Ele é presidente aqui nesta Casa, lá [no Conselho de Ética] o presidente sou eu.
A escolha do relator deve acontecer até o final da próxima semana. Araújo relembrou casos de deputados que perderam o mandato por darem informações falsas.