Dilma defende Graça Foster e afirma que não mudará diretoria da Petrobras
Presidente diz, no entanto, que vai mudar o Conselho de Administração da estatal
Brasil|Carolina Martins, do R7, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta segunda-feira (22), que não pretende mudar a diretoria da Petrobras e defendeu a presidente da estatal, Graça Foster. De acordo com Dilma, não há nenhuma prova da conivência de Graça nos supostos esquemas de desvios de recursos dentro da petroleira e, por isso, ela não será punida.
— Não estou pretendendo mudar a direção da Petrobras. Como você tipifica uma alegação sem provas? Eu conheço a Graça, sei da seriedade e da lisura da Graça. É importante saber qual foi a prova que se apresentou.
As declarações foram dadas durante café da manhã de confraternização com a imprensa, no Palácio do Planalto, em Brasília, um dia depois de novas denúncias serem feitas contra a presidente da Petrobras. Uma ex-funcionária da estatal afirma que avisou Graça Foster pessoalmente sobre as irregularidades que estavam ocorrendo na empresa.
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A presidente reconhece que as acusações tornam a situação de Graça Foster difícil, mas avalia que isso se dá porque a presidente da estatal não tem espaço para defesa. Dilma afirmou que é preciso investigar a quem interessa a mudança na diretoria da Petrobras e garante que Graça está apta para continuar com o “choque de governança” que foi iniciado por ela justamente para melhorar a gestão da petroleira.
— Não vejo nenhum indício de irregularidade na diretoria da Petrobras. É muito difícil uma situação de condenar sem dar espaço para a defesa. É importante que a imprensa dê espaço para o contraditório. Qual é o interesse por trás disso? [...] Cria-se um clima muito difícil para ela sem apresentar uma prova. Por isso vou punir?
Dilma confirmou que Graça a procurou para colocar o cargo à disposição, atitude que a presidente classificou de "educação política". No entanto, Dilma disse a ela que "não era necessário" mudar a presidência da Petrobras.
Conselho de Administração
Mesmo defendendo a manutenção de Graça, Dilma afirmou que vai mudar o Conselho de Administração da Petrobras. Atualmente, quem preside o conselho é o ministro da Fazenda, Guido Mantega – que vai deixar o governo no dia 31 de dezembro.
A presidente não quis antecipar nomes e afirmou que não há “modelos” para formar o conselho, mas disse que geralmente ele é composto junto com o Ministério de Minas e Energia e sinalizou que o assunto será discutido com o novo ministro, quando ele for nomeado.
Sem crise
Mesmo com todas as denúncias de desvios na maior estatal do País, a presidente avalia que o Brasil não está passando por uma crise de corrupção. Segundo ela, há uma investigação em curso e todos os responsáveis serão punidos, sem que seja necessário “quebrar” a Petrobras. Mas Dilma se mostrou perplexa com as cifras que supostamente teriam sido desviadas da petroleira.
— Acho absurdo os números. Acho absurdo o volume de dinheiro de alguns funcionários.
Dilma disse ainda que aguarda as informações do MPF (Ministério Público Federal) sobre as delações premiadas, para calcular o total dos desvios e lançar no balanço da Petrobras como prejuízo. A presidente se mostrou otimista, afirmando não acreditar que a conclusão da investigação “vai demorar anos”. Para ela, os culpados serão punidos rapidamente.