Doleiro diz que Lula e Dilma sabiam de corrupção na Petrobras, mas advogado desconhece depoimento
Reportagem da revista Veja traz suposto depoimento de Alberto Yousseff
Brasil|Do R7
Em mais um depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público em Curitiba (PR), o doleiro Alberto Youssef teria afirmado que a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, teriam total conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras. A informação foi publicada pela revista Veja, que antecipou sua circulação de sábado para esta sexta-feira (24), a dois dias da votação do segundo turno. O petista Jaques Wagner, governador da Bahia, rebateu a acusação, qualificada como "inconsistente". Já o advogado do doleiro se disse surpreso e afirmou que desconhece o depoimento.
Na quinta-feira (23), a revista antecipou na internet a publicação de um trecho da reportagem de capa em que aparece a denúncia aos petistas. O depoimento do doleiro, segundo a publicação, faz parte do processo de delação premiada, acordado com a Justiça desde o mês passado.
“Como faz desde o dia 29 de setembro, [Youssef] sentou-se ao lado de seu advogado, pôs os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se colocou à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais”, descreve a revista no primeiro parágrafo da reportagem. Ao ser questionado sobre o envolvimento do governo federal no esquema de corrupção, o doleiro teria dito:
— O Planalto sabia de tudo!
“Mas quem no Planalto?”, teria sido questionado.
— Lula e Dilma.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), um dos coordenadores da campanha de Dilma, minimizou na manhã de hoje as novas denúncias. Segundo ele, as denúncias não têm "consistência" e indicam uma "manobra" para atingir a campanha eleitoral.
"As denúncias da Veja, pelo que vi, não têm consistência. Parece uma peça de campanha. Mais uma vez a repetição de que se sabia dos problemas. (...) Certamente isso será abordado [no debate de hoje]. Ele [Aécio Neves] deve exibir a capa no debate. Se fosse eu, daria risada.
O governador também avaliou que as denúncias não devem ter impacto na reta final da campanha.
— Denúncias sempre foram motivo de preocupação, mas a gente vê que não colam na presidente. Eleitor percebe que é uma tentativa não de investigar, mas uma manobra para atingir a campanha.
Alberto Youssef é acusado de ser um dos chefes de um esquema de desvio de dinheiro investigado pela Operação Lava-Jato, conduzida pela PF. Ele já foi preso durante o caso Banestado, quando na época também fez um acordo de delação premiada, rompido posteriormente em razão dos novos crimes cometidos.
Em depoimento prestado no começo do mês, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria acusado o PP, o PMDB e o PT de envolvimento no recebimento de propinas de empreiteiras. Costa também teria citado o envolvimento do ex-presidente do PSDB no esquema, Sérgio Guerra, que teria recebido propina para "travar" uma CPI da Petrobras no Congresso. A denúncia foi reforçada pelo laranja de Alberto Yousseff, Leonardo Meirelles, que prestou depoimento na última semana.
Advogado desconhece informações
O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, disse em entrevista ao jornal O Globo que o doleiro prestou depoimento à Polícia Federal de Curitiba na última terça-feira, mas disse não ter conhecimento da informação citada pela revista.
— Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso [que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção]. Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso.
Basto afirma ainda que Youssef prestou muitos depoimentos no mesmo dia e que o doleiro estava acompanhado de advogados de sua equipe.
— Conversei com todos da minha equipe e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado porque está havendo muita especulação.