O ministro das Relações Exteriores, José Serra, recebeu cerca de R$ 23 milhões da empreiteira Odebrecht via caixa dois para a campanha presidencial dele em 2010. A informação foi publicada neste domingo (7) pelo jornal Folha de S.Paulo com base nas tratativas de acordo de delação premiada de executivos da construtora. Ainda segundo a publicação, os executivos afirmam que os valores foram pagos no Brasil e no exterior. A Odebrecht tinha um esquema organizado para pagamento de políticos e agentes públicos que envolvia até um banco próprio no Caribe. O acordo de delação premiada dos executivos ainda não foi assinado. A companhia vai apresentar como provas extratos de depósitos feitos fora do País que deixam claro que a campanha do tucano era beneficiária. Em 2010, a Odebrecht doou, oficialmente, R$ 2,4 milhões para a campanha de Serra, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Porém, a Folha de S.Paulo destaca que, se considerada a quantia citada aos procuradores, as doações somam R$ 25,4 milhões. Serra já contatou advogados e assessores para mensurar o tamanho do dano que pode ser provocado caso a delação seja homologada, segundo a jornalista Mônica Bergamo. O nome de Serra também aparece na 23ª fase da Lava Jato (Acarajé) como beneficiário de propina paga nas obras do trecho sul do rodoanel. A construção custou mais de R$ 3,5 bilhões e foi de responsabilidade da Odebrecht. Procurado pelo jornal, Serra afirmou, por meio de nota, que toda a campanha presidencial foi conduzida dentro da lei. Ele também afirma que as finanças eram de responsabilidade do partido. Sobre o rodoanel, o tucano afirmou que considera "absurda a acusação" e que a Odebrecht já participava da obra quando ele assumiu o governo.